Homenagem Ana Teresinha Drumond Machado

 

Escritor Amigo: Transcendental

 

 

"Morremos como mortais que somos,

e vivemos como se fôramos imortais."

                                               (Sêneca)

 

Parece que o tempo é veloz demais,

mas o tempo não passa, CHAMA!

Entoa uma canção de plenitude e,

sábia,

silenciosamente,

espera o despertar da alma humana.

 

Como divindade, José Afrânio

cumpriu seu tempo, fez-se  imortal.

Foi-se o homem, ficaram seus feitos,

sua  “roda de amigos”, suas marcas

humanas, fraternas e de bom leitor/escritor.

 

Como Bragi - José Afrânio foi a taciturna sabedoria,

incentivador da leitura e da escrita,

protetor de seus discípulos.

Em suas críticas  deixou “marcada a ferro” 

a investigação literária. Com olhar clínico,

contundente  e  perspicaz delineou

um período relevante tanto nos

 estudos  literários como  na dinâmica interna

da produção cultural,  seja brasileira, seja de Alvinópolis.

Portador do diálogo entre  autor/leitor ,

respeitador   das exigências literárias, José Afrânio bem soube

analisar e contemporaneizar as leituras com um crivo

crítico de inigualável valor.

 

Nosso amigo e conterrâneo, José Afrânio,

trouxe em  sua imutabilidade,

a transmutabilidade e o transcendental.

Esta dimensão fascinante de José Afrânio

impôs a inescapável  vinculação

do texto à realidade que, ao lhe preexistir,

estabelece as condições de inteligibilidade solidária

na qual o texto literário  oferece

o seu dizer no seio da cultura

de um literato carregado de bucolismo.

 

Assim, José Afrânio abalizou

sua caminhada  literária.

Como mensageiro da trilogiamorosa

- Família – Literatura - Alvinópolis-

deixou-nos sorrateiramente,

por isso perplexados, o vazio enche noss’alma

e a nós, resta-nos somente trocar “versinhos”

de saudade e gratidão, pois, agora,

José Afrânio perfaz uma outra dimensão.

 

A morte parece impossibilidade,

porque tornamo-nos impotentes expectadores.

E a nós, compete-nos pensar no plano

vivificado de salutares lembranças.

 

José Afrânio, os dobres dos sinos,

lá em cima, cantam e 

evocam todos os arcanjos

a formar um luminoso

sarau divino  a fim de lhe acolher.

 

No Congado o Capitão faz a chamada.

 Ruflam-se os tambores, fitas coloridas

e  pandeiros acenam à Virgem

a  prestar-lhe esta singela homenagem:

 

“Virgem do Rosário, Santa Poderosa,

Virgem do Rosário, Santa Milagrosa,

Ela é uma rosa , ela é formosa”.

Virgem do Rosário, Santa “Poderosa.”

UM BREVE ADEUS! ZÉ AFRÂNIO!