Saudações,
Alvinópolis.
Saudade
docês! Ave Maria, a minha última participação foi ainda
no meio da Copa! Foi antes do 7x1. Nó, é muito tempo. De
lá pra cá, já teve a política, os campeonatos que os
times mineiros carregaram, a economia ruim pra todo
mundo... Ééééé, não vai achando que no quintal do
vizinho é que tem piscina não! Aqui pra mim tá osso
também! Um ano de desemprego, tendo que me virar como
freelancer e tocador de surdo. Como diz o canadense,
“aqui não existe emprego, existe serviço”. Foi um ano
lascado, viu?
E como
nada de interessante aconteceu nesses últimos tempos, eu
vou encerrar o ano com a minha resenha esportiva. Vamos
então ao comentário de Cristiano Faria, Coragem Pra
Dizer Algumas Verdades.
NOTAS:
1) Nesse caso, Cristiano Faria não é Cabo Faria. Sou eu
mesmo, só que fantasiado de Osvaldo Faria.
2) Coragem pra dizer só algumas verdades, pois há
verdades que não se pode dizer. Exemplo: “Cê vai sair
com essa roupa? Acho que Aracy de Almeida usou uma
camisa dessa uma vez no Sílvio Santos.” (essa é caso
verídico, tá? Tragédia anunciada)
Vamos lá
então:
=>
Atlético e Cruzeiro fizeram bonito em campo, mas mataram
todos os mineiros de vergonha na hora de organizar a
final da Copa do Brasil. Que esculhambação! Com toda a
encrenca do ingresso, da polícia, ministério público,
centro espírita, DNER, Sindicato dos Peladores de Porco,
etc., no final sobrou uma visão triste e quase
inacreditável: cadeiras vazias nos dois jogos de uma
final de Copa do Brasil! Ver aquela cena chega a doer!
Preços abusivos somados àquela puxação de tapete dos
dois lados deixaram uma marca terrível na final, e toda
vez em que assistirmos às imagens daquela final, teremos
que ver as cadeiras vazias ao fundo. E justo nessa
final, que era pra ter gente dividindo espaço até com o
cachorro da polícia dentro do estádio.
|
No bar da Dona Graça com Pelezinho,
fervoroso torcedor azul. |
=> Eu não
compro essa papagaiada de que “O Mineirão é de todos os
mineiros e o Galo tem que jogar lá”. Poder jogar lá,
pode. Mas não tem que jogar lá. Ao mudar pro
Independência, o Galo conheceu outra realidade, não só
em campo mas também financeiramente. Acho que o
Mineirão tem vantagens, mas o Independência deu certo,
então pra sair de lá, tem que ser através de um negócio
muito bem pensado e extremamente proveitoso pra clube e
torcida. Pessoalmente, eu não sairia. E explico o porquê
através de uma comparação muito simples:
Independência = vitórias.
Mineirão =
Paulinho McLaren batendo asa, Alex Alves Top de Crochê,
Hiran Coluna Quebrada, Brasiliense, São Caetano,
Kanapkis, Paulo Nunes gritando “a mineirada tava muito
solta!”, Roberto Cavalo...
Eu sei que
estádio é detalhe e tudo depende mesmo do time, mas
quantos times igualmente bons nós já tivemos e que não
ganharam nem na purrinha? Por isso eu fico ressabiado.
=> Meu
caro América, se pai passar mal por sua causa, cê tá
ruim na minha mão! Fazer bobagem é coisa que acontece,
mas a falta de vergonha de não assumir e querer empurrar
a culpa pros outros é que me deixa doido. O América,
mesmo com 890 presidentes, deu um jeito de escalar
jogador irregular. Foi punido e depois conseguiu reduzir
a pena. No fim, foram poucos pontos perdidos no
processo, mas com eles o time teria sido promovido à
Série A. Realmente, é osso mesmo. Uma infelicidade. Mas
daí, após o fim do campeonato, sair reclamando de
“injustiça feita contra o América”??? Injustiça é com a
torcida, que torce pra um time com meio milhão de
advogados e que ainda assim conseguiu a façanha de se
enrolar com um trem bobo como registro de jogador. Não
venha me enrolar! Não foi ninguém da CBF lá pra botar
jogador irregular em campo no time do América. A CBF tem
os problemas dela, mas nesse caso a bobagem nasceu
dentro do time. Eu esperava uma atitude um pouco menos
invertebrada do América. Alguém pra chegar e dizer,
“fizemos bobagem mesmo, perdoem-nos”, ao invés desse
chororô de “a culpa é do vizinho”. E ainda ouvi no rádio
que o processo gerou impacto psicológico nos jogadores,
fazendo com que perdessem os jogos subsequentes... Ah
sei. E enxada, vai? Ou como diz no McDonald’s, “enxada
acompanha?”
=> E por
falar nisso, esse ano tivemos uma famosa rádio abrindo
um bar em Belo Horizonte. Minha relação com essa rádio é
de amor e ódio: não consigo viver sem escutar, mas ela
me mata de raiva. Aí fiquei pensando em como seria o bar
dessa rádio baseado no que eu escuto, já que não estou
aí pra ver. A ideia é a seguinte:
- Logo na
entrada, uma estátua gigante do Aécio, aos pés da qual
as pessoas devem se ajoelhar, jogar moedas e fazer
promessas. O dono do bar e todos os funcionários podem
ser vistos ali diariamente, praticando um ritual que
consiste em ficar entre as pernas da estátua, com a mão
acima da cabeça, puxando alguma coisa imaginária.
- Todas as
noites tem show da Banda Bastidores. No repertório,
nenhuma música: a banda passa o show inteiro mandando
abraço. E se Galo Índio estiver na plateia, pela
primeira vez você verá um vocalista de banda descer do
palco pra agarrar um espectador.
- Tem um
menino encapetado que sempre pula o muro de lá, um tal
de Cadê oBoné. O gozado é que ele não chega exatamente a
pular o muro. Na verdade, ele enrola, enrola, mas nunca
sai de cima do muro.
- Quem
mostrar a identidade na porta provando que é mineiro,
imediatamente ganhará acesso ao camarote exclusivo para
pessoas boas, honestas, espetaculares e muito
competentes. Se você é mineiro, automaticamente você é
um “cara do bem”, segundo eles.
- Se algum
mineiro deixar a carteira cair no vaso do banheiro, não
tem problema. O bar chama a polícia e diz que o cara foi
roubado. Caso isso aconteça com gente de fora de MG, o
segurança do bar vai lá e dá descarga 500 vezes, pra ter
certeza de que a carteira não volta.
- Depois
da meia-noite vira Noite do Bilhetinho.
- Quando
falta água no bar, a direção protesta com os governos de
Rio e São Paulo, pois isso deve ser coisa deles querendo
prejudicar os bares mineiros. Com certeza não existe
nenhum problema na Copasa, pois lá só tem gente boa,
honesta e competente, todos contratados pelo “meu grande
amigo ____ (insira aqui o nome do beneficiário da
babação de ovo)”
- As
cantoras Arnalda Antunes e Ave Maria Ferreira disputam
no palco quem tem a voz mais insuportável de todos os
bares do Brasil.
- Tem um
sanduíche no cardápio chamado “Manchester United” que
nunca foi vendido, pois ninguém que trabalha lá consegue
pronunciar o nome.
- Tem um
freguês lá, um tal de Milton Discos Voadores, coitado,
que gastou tudo o que tinha em ficha de radiola, pra
poder ficar escutando a vinheta da Copa do Brasil virado
a noite inteira.
- E é
claro, o único uísque do bar é Cavalo Branco.
Ah, se
deixar eu não paro não. Mas é claro que eles têm pontos
positivos também, como em tudo na vida: tem a velha
guarda, com o homem do Cavalo e o homem do plantão,
impecáveis. E a música da Volta ao Mundo em 80 Dias na
abertura da jornada chega a arrepiar!
Pois é,
meus amigos e amigas, então é isso aí. O Natal está
chegando, e quando você estiver lendo isso eu
provavelmente já vou estar por aí, pois vó está
esperando pro Natal e eu nunca falto a um sequer. Todo
ano é sagrado. Ah não, passar Natal aqui é depressão na
certa. Um frio da gota, um barro danado (éééé, neve
branquinha é só em filme. Neve em cidade grande vira é
barro mesmo), o povo desorientado na rua fazendo compra,
e o que é pior: cada um escondido no seu canto. Não tem
confraternização, não tem festa... Maior clima ruim. E
quando tem festa, é ainda pior, pois fica todo mundo
socado na cozinha da casa do camarada, a gente mal
consegue mexer. E sem poder abrir uma janela ou uma
porta por causa do frio. Na televisão é aquela coisa
mais bonita, né? A neve, a rena, o pinheiro, a
lareira... Pois a neve vira barro, a rena na verdade é
uma lapa dum guaxinim que revira as latas de lixo da
gente, o pinheiro custa uma nota preta, e o proprietário
aqui de casa cimentou a lareira, com medo do inquilino
botar fogo na casa.
No mais é
isso então. Um bom Natal e Ano Novo pra todo mundo, que
2015 seja um ano abençoado pra nós e pra Alvinópolis.
Obrigado pela preferência de sintonia por mais um ano
aqui no Alvinews, e a gente segue nessa luta.
Apita
Antônio Barcelos Filho, errrrrgue os braços!
Cristiano de Oliveira é mineiro de BH, residente em Toronto
no Canadá. Já visitou Alvinópolis inúmeras vezes.
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