Meu pedaço de céu

Ana Mineira

Levanto os olhos,
Lá estão todos eles,
a mesma montanha,
a mesma lua, linda!
Despontando toda orgulhosa,
com a mesma missão: encantar vidas,
acompanhada por um monte de estrelas,
enfeitando meu pedaço de céu.

Corro os olhos, vejo as mesmas casas,
agora com um novo colorido,
algumas pedindo uma nova maquiagem,
outras tantas restauradas,
como muitas vidas...

Do outro lado da praça,
a casa da viúva do guloso contador,
a do vereador solteirão, grande sonhador,
queria ser prefeito, levou seu sonho no caixão.
As casas dos italianos, os Iannarelli e os Prímola,
guardando histórias, que, um dia,
serão lembradas pelos novos herdeiros,
pequenas vidas florescendo.

Do lado de cá da praça,
a casa do diretor aposentado, fluindo arte.
A dos turcos, sem pompa,
guardando mistérios e lendas no seu imenso quintal
(sinto saudades das uvas roubadas,
bem cuidadas, guardadas, apodrecendo no pé,
esperando pelos filhos e netos,
que raramente apareciam).

A casa do fazendeiro, cozinha cheia,
cheiro de biscoito frito e broa assada,
sobra até para os vizinhos.

Cheia de graça é a casa da benzedeira.
Na horta, pés de comigo-ninguém-pode, funcho,
erva-doce, camomila, losna e guiné.
Curando com reza, carvão em brasa,
as crianças do lugar.

Ainda me aparece essa neblina...
Que frio na orelha.
Abril é assim mesmo!
Êta vida boa, meu Deus!
Nesse meu pedacinho de céu.

 

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