Não deixe que meus sentidos
Danilo Abreu Lima
não deixe que meus sentidos
escorram por entre seus dedos
seus medos
esqueça-os
em qualquer mesa
de um bar qualquer
não deixe que as carícias
sobre a tua pele
flor
se desmanchem em gotas
de cristais
que já não sabem mais
a cheiros de jasmins
perdidos em jardins
de antigamente
não deixe
que o
belo perca o caminho
das nossas vidas.
tudo é belo
belo é o
sexo belo é o amor
belo é o sexo com amor
ou sem amor
belos
são os sentidos
que se alvoroçam
e os amores
que se arvoram
em pássaros na madrugada.
bela és tu.
belo
sou eu.
somos
belos
porque somos humanos.
somos húmus e sumo
somos soma
somos o
cântaro
da natureza
que se orgulha de nós
não deixe
que escorra entre teus dedos
aquilo que te ofereço
luas cheias,
estrelas incandescentes,
a carne irisdecente,
versos indecentes
sexo latejante
caricias volúpias e sentidos
puros ou torpes:
tudo é belo.
tudo
é puro.
tudo é sagrado.
tudo canta em
uníssono
a cantiga do universo
que ínfimo
se esconde
em cada canto de nós
assim
quero me paramentar
de vestes púrpuras
e encenar rituais
ao nosso encontro sagrado:
vou me vestir de leves
barulhos matinais
trazendo o sol em meus olhos
e a lua nos meus dentes
quero te encontrar
e partilhar contigo
O universo
Rompendo as cascas
e as marcas
de dias inúteis
e dores sombrias
olha: o céu nasceu agora
e brilha
na palma da nossa mão.
Danilo de Abreu Lima é escritor
alvinopolense.
Contato :
daniloabreulima@gmail.com
Blog :
Poetasdesegunda
Colunas anteriores