NATAL ETÍOPE
Getulino
do Espírito Santo Maciel
Quando
penso em Natal hoje
Eu
me lembro imediatamente da Etiópia
E
dos filhos escuros da Etiópia.
De
olhos fundos
De
estômagos definitivamente preguiçosos
De
costelas aparecendo
De
carnes estioladas
Desidratadas
Quase
carnes secas.
E
penso principalmente nos olhos
Que
na sua fundura
Brilham
um brilho de Natal que se foi
E
que não chegará mais, talvez.
E
vou para Belém
Fitar
os mesmos olhos
De
quem já nasceu pobre E marcado para morrer.
Dos
olhos a gente vai entrando
Devagarzinho
Dentro
da gente mesmo
E
encontramos nosso corpo
E
nossa inteligência
Cheios
de olhos para ver tudo.
Para
ver principalmente
Um
mundo que constantemente
Nasce
numa manjedoura
De
poucas esperanças
De
expectativas sombrias
De
muita gente que passa simplesmente
E
nem sabe por que passa constantemente
O
Natal de todos os anos
É
para a gente parar
Olhar
com todos os olhos
E
descobrir um homem novo
Que
talvez esteja em nós mesmos
Ou
ao lado de nós.
Um
Cristo Menino
Que
abre estradas
Mostra
caminhos... Um Menino de olhos etíopes.
|