Júnior
Brasília, um craque de Alvinópolis
Parte 3
Gilmar Moreira
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Uma das formações da Seleção de SUB-20 em 1977.
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Júnior
Brasília VESTE A
CAMISA DA SELEÇÃO BRASILEIRA
José Francisco Solano
Júnior, o alvinopolense Júnior Brasília no ano de 1977, ainda no Flamengo,
realiza o seu maior sonho como jogador de futebol, é convocado pelo técnico
Evaristo de Macedo para servir a Seleção Brasileira, que se preparava para
disputar o I CAMPEONATO MUNDIAL DE JUNIORES (sub-20) da FIFA. Que seria
realizado de 27 de Junho a 10 de Julho na Tunísia, no Continente Africano.
Criou-se
grande expectativa no mundo inteiro, porque seria o primeiro mundial dessa
categoria e a intenção da FIFA era revelar grandes jogadores para a vitrine do
futebol mundial.
O
torneio foi apadrinhado pelo Vice-Presidente da FIFA, Harry Cavan, que liderou
a criação do Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 e patrocinado pela Coca-cola.
I Campeonato Mundial de Juniores
(SUB-20) – TUNÍSIA 1977 |
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O primeiro
Campeonato Mundial SUB-20 foi realizado em 1977, na
Tunísia. Foi o primeiro campeonato oficial da FIFA,
disputado no continente africano.
O sistema
escolhido para essa primeira disputa da categoria foi de
4 grupos de 4 seleções, classificando apenas os campeões
de cada, realizando assim, semifinais e finais.
Após
realização de eliminatórias no mundo todo, foram
classificadas as seguintes seleções:
África:
Costa do
Marfim, Marrocos e Tunísia
Ásia:
Irã e
Iraque
Europa:
Áustria,
França, Hungria, Itália, União Soviética e Espanha
Concacaf:
Honduras e
México
Conmebol:
Brasil,
Paraguai e Uruguai.
No sorteio
realizado em Tunis, os grupos do primeiro mundial sub-20
da história, ficaram definidos assim:
Grupo A - Tunísia,
México, França e Espanha
Grupo B - Hungria,
Uruguai, Marrocos e Honduras
Grupo C - Brasil, Irã,
Costa do Marfim e Itália
Grupo D - União
Soviética, Iraque, Paraguai e Áustria.
Esta
foi a equipe do Brasil convocada pelo treinador Evaristo
de Macedo e Júnior Brasília ficou com a camisa Nº16.
Brasil
estréia com goleada no Irã e show de bola de Júnior
Brasília
O Brasil fazia sua estréia
no primeiro Campeonato Mundial de Juniores, com uma
partida brilhante e de encher os olhos de qualquer
torcedor. Com jogadas espetaculares, comandados por
Guina, Paulinho e principalmente pelas arrancadas fabulosas pela direita de
Júnior Brasília, o Brasile levou os torcedores ao delírio pelas arquibancadas no
estádio Olympique, em Sousse na Tunísia.
No final, 5x1 frente ao Irã, com gols de
Guina(3), Paulo Roberto e do alvinopolense Júnior Brasília, considerado um dos
melhores do jogo. Reza Rajabi descontou para o Irã.
Foi pouco o resultado, pelo
futebol apresentado pela seleção canarinho.
Brasil
exagera no baile e apenas empata com a Costa do Marfim.
O Brasil joga sua segunda
partida naquele mundial contra a Costa do Marfim. Os jogadores estavam muito confiantes na vitória
e acabaram
exagerando nas fintas. Perderam vários gols no jogo, possibilitando grandes defesas
ao bom goleiro Krouba da Costa do Marfim, e acabaram levando um grande susto. Aos 46 minutos de jogo, Semon faz 1x0 para a Costa do
Marfim.
O Brasil sentiu o golpe e teve que lutar muito para conseguir empatar a partida, pois
os africanos ficaram todos na defesa, esperando o apito final do árbitro. Já no
finalzinho, aos 89 minutos, o
jogador Cléber do Atlético – MG, acabou empatando a partida no apagar das
luzes, num jogo emocionante devido a retranca da
Costa do Marfim.
Detalhes do mundial
Depois do mundial, Cléber,
então no Atlético Mineiro, foi
contratado pelo Flamengo e viria a ser companheiro de Júnior Brasília na Gávea.
Brasil
vence Itália com grande atuação de Júnior Brasília e
companhia.
A terceira partida naquele
mundial foi contra a famosa Squadra Azurra, a Itália. Esta partida era considerada a mais
difícil do campeonato, pois estava em jogo o primeiro lugar do Grupo C, e a
classificação para as semifinais do mundial.
No primeiro mundial da Fifa,
apenas o primeiro de cada grupo se classificava, portanto era um jogo de vida
ou morte para ambos. Mas como a Itália havia apenas empatado com a Costa do
Marfim e Irã, o Brasil jogava pelo empate para se classificar.
E o Brasil deu um banho de
bola na Itália,
Com um futebol veloz e com muita seriedade o Brasil não deu a menor
chance a Itália, dando um banho de bola Com técnica e tática muito superiores aos italianos, que
ficaram perdidos em campo, só deu Brasil.
A vitória de 2 a 0, com um gol de Guina aos
11minutos, e o outro do centroavante Paulinho, aos 48, deram números finais ao
encontro, demonstrando perfeitamente quem mandava naquele jogo.
No primeiro gol, Paulinho, com um leve toque de cabeça,
deixou Guina livre na área. Ele chutou para grande
defesa do goleiro, mas no rebote mandou a bola para as
redes.
No segundo gol do Brasil, o Pantera Negra
alvinopolense Júnior Brasília fez um carnaval na defesa italiana e chutou
forte; o goleiro soltou e Paulinho entrou com tudo para marcar.
Final de
jogo, Brasil classificado.
Ficha do jogo
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Detalhes do mundial
Após o Mundial Tunísia 77,
Paulinho que jogava no XV de Piracicaba – SP e Guina, no Comercial de Ribeirão
Preto – SP, foram contratados pelo Vasco da Gama do Rio de Janeiro.
Mundial Sub-20 Tunísia 1977 - Semifinais
Estas foram as seleções classificadas para as semifinais do Mundial
Tunísia 77
As
semifinais ficaram definidas da seguinte forma:
Brasil x México
URSS x Uruguai
Brasil
empata com o México e melhor futebol fica fora da Final.
Júnior
Brasília e seus companheiros
tentaram. Mas o México estava com sorte
De um lado o
Brasil, considerado por todos os comentaristas esportivos presentes na Tunísia,
a melhor equipe do mundial.
Tinha o
melhor ataque e melhor futebol
apresentado em todo o campeonato. Jogava como favorito contra um México, que
era uma equipe coesa e dinâmica, mas sem grandes valores individuais. Destaque
apenas para Luís Placência, que marcara 3 gols no torneio e comandava as
ações da equipe mexicana.
O jogo foi
eletrizante, com as duas equipes
correndo muito.
O Brasil dominava,
mas o México sempre levava perigo ao gol brasileiro nos contra
ataques.
A pressão era grande
e o Brasil jogava em cima da defesa mexicana, dominando completamente o
adversário, mas a sorte não estava do nosso lado.
Aos 53 minutos
as coisas começaram a piorar
quando o México saiu na frente do marcador, com o gol de Rergis.
O Brasil conseguiu empatar logo a seguir com Jorge Luís aos 59 minutos.
Depois do gol de
empate, o México se fechou todo na defesa esperando os
pênaltis, pois estavam perto de concretizar a maior surpresa daquele mundial da
Tunísia. Foi um verdadeiro sufoco na defesa mexicana, mas eles conseguiram segurar o empate até o final, com
muita cera e muita sorte.
Infelizmente aquele jogo iria
para as grandes penalidades e o México levou a melhor. Não erraram nenhuma
cobrança. Os gols do México foram de Cosio, Moses, Rergis, Placência e
Garduno. Já o Brasil marcou com Paulinho, Guina e Zito, falharam Cléber e Paulo
Roberto.
No final o resultado inesperado por todos, México 5
a 3 e o
Brasil fora da final.
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Equipe do México apenas observam a bola
a passar para a linha de fundo, esperando o apito final do jogo |
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A equipe do BRASIL lutou muito mas a
sorte estava do lado do México. |
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Ficha
do jogo. |
Na
sequência do Mundial, a união Soviética venceu o
Uruguai, então favorito, nos pênalties.
Mais uma vez o melhor
futebol fica fora da final. A Celeste Olímpica, o
Uruguai, grande favorito para fazer a final com o Brasil
com um futebol de técnica e muita raça.
A Celeste não
conseguiu
ultrapassar a muralha soviética comandada principalmente pelo excelente jogador Bessonov, que se tornaria o Bola de Ouro daquele mundial, ultrapassando na reta
final o nosso craque, Júnior Brasília.
A URSS conseguiu segurar o ímpeto
uruguaio e o jogo termina em 0x0 no tempo normal. Nas penalidades, os
soviéticos levam a melhor e vencem por 4x3.
Curiosidade do jogo: o treinador da
URSS substitui o seu goleiro Novikov pelo seu reserva Sivuha, especialista em
pegar pênaltis. Isso também viria acontecer na grande final contra o México.
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Equipe da União Soviética que venceu o Uruguai nos pênaltis e foi para a final |
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Firmes
na marcação os Soviéticos seguram o Uruguai e vão para a final |
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Ficha do
jogo |
Abaixo a ficha completa
da semifinal, da disputa do terceiro lugar e da grande
final.
Decisão
do terceiro lugar.
O
Brasil se despede do Mundial com goleada sobre o Uruguai
e fica com o terceiro lugar.
Júnior Brasília parte
pra cima da defesa Uruguaia e o Brasil volta a jogar o seu melhor futebol.
A vitória do Brasil sobre o
Uruguai por 4x0 só viria mostrar para o mundo da bola quem praticava o melhor
futebol daquele mundial.
Novamente o Brasil voltou a jogar bem, numa partida
considerada por todos como a final antecipada do torneio.
Segundo os críticos,
as melhores, entre as 16 seleções
participantes.
Com um futebol brilhante e digno de um verdadeiro campeão, o
Brasil massacrou o Uruguai, que tinha no seu elenco jogadores do naipe de Rubén
Paz, Diogo, Saralegui e Hugo de Léon. Esses jovens jogadores se consagrariam depois em
grandes clubes e na seleção principal do Uruguai.
Júnior Brasília, com grande
velocidade, dribles e cruzamentos perfeitos, foi novamente um dos destaques do
jogo.
_ Ninguém duvida, só o Brasil
poderia ser campeão”, dizia o técnico Evaristo de Macedo no final do jogo
contra o Uruguai.
Pelo futebol jogado,
o Brasil merecia melhor sorte no torneio.
O futebol jogado contra os uruguaios
havia sido da mais alta
qualidade. E com um detalhe a mais: os jovens do Brasil sempre souberam dominar
os nervos. E tudo isso faltou contra o México quando foi perdido o direito de
jogar pelo título.
Os gols do Brasil foram
marcados por Cléber, Paulo Roberto, Paulinho e Tião.
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Equipe
uruguaia que levou goleada do Brasil, destaques para Rubén Paz e Hugo de Léon
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Ficha
do jogo |
Grande
final.
A URSS
derrota o México, também nos pênalties, e leva o título
do Primeiro Mundial Suba-20 da FIFA.
A União
Soviética,
após empate no tempo regulamentar, vence o México nos pênaltis e fica com o
título.
A União Soviética com um
futebol pragmático, mas com muita objetividade e força física, acabariam por
conquistar o I Campeonato Sub-20 da história da FIFA. Jogando um futebol de
resultados, com pouco brilho e sem aquela habilidade e classe natural, empatam
com o México no tempo normal em 2 a 2 e levam o jogo para os pênalties, como fizeram anteriormente com o Uruguai.
O maior talento soviético,
o jogador Wladimir Bessonov marca 2 gols, e Garduno e Manzo fazem a favor do
México. O México esteve duas vezes na frente e os soviéticos conseguiram
empatar a partida. O último gol da URSS foi no final da partida, quando o
México já comemorava o título.
Nos pênaltis a URSS vence por
9x8, após várias cobranças de ambos os lados e fatura o caneco no estádio El
Menzah, em Tunis.
Deu a lógica na final, decisão por pênaltis, foi com eles que
o México havia vencido seus três jogos anteriores; da mesma forma a União
Soviética, nas duas partidas anteriores.
Resultado
final, festa Soviética na Tunísia.
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Ficha
do jogo |
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No gramado do estádio de Tunis, os
Soviéticos fazem a festa e recebem a taça das mãos do Presidente da FIFA, O
brasileiro João Havelange. |
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Equipe do México vice Campeã
do Mundial Sub-20, Tunísia 77. |
FIFA premia os melhores no Mundial da Tunísia Sub-20 -
1977
Os três premiados daquele mundial:
Ouro, Wladimir BESSONOV(URSS), Prata, Júnior Brasília (BRASIL) e Bronze, Cléber(BRASIL).
O Troféu Bola de Ouro da FIFA coube
ao jogador Wladimir Bessonov da URSS, seguidos de Júnior Brasília e
Cléber do Brasil. Foi por pouco que o nosso craque Júnior Brasília, uma
das maiores revelações daquele mundial, não fatura a Bola de Ouro.
Além da URSS
ser a equipe vencedora daquele mundial, o Bessonov ainda marcou dois gols na
partida final, portanto justa a escolha do soviético.
A Chuteira de Ouro foi
conquistada pelo brasileiro Guina (também chamado de Quina), com 4 gols, muito
bem assessorado nos jogos pelos atacantes Júnior Brasília, Paulinho e Baroninho.
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O brasileiro Guina recebe a Chuteira de
Ouro das mãos do vice-presidente da FIFA Harry Cavan. |
O Brasil, apesar do terceiro
lugar, teve o melhor ataque do torneio com 13 gols, e ainda terminou invicto, não
perdendo nenhuma partida no mundial.
Além disso
conquistou o troféu Fair Play, como a
equipe mais disciplinada do Mundial.
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Júnior Brasília(Brasil), maior revelação do Mundial e BESSONOV(URSS),
vencedor da Bola de Ouro. |
Pra vocês terem uma
idéia da impressão causada pelo Júnior Brasília no
Mundial, foram feitas caricaturas comemorativas dos
melhores jogadores daquele campeonato.
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Caricaturas comemorativas
dos melhores jogadores do Mundial Tunísia77, Júnior Brasília (Brasil ) e Bessonov da URSS. |
A UNIÃO SOVIÉTICA faz a
festa e posam com o troféu após a chegada a Moscou.
Antes de continuar com
a história do Júnior Brasília, vamos aqui retratar uma
homenagem recebida por ele neste ano de 2011, relativa a
participação na Seleção Brasileira.
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O atual Professor do SESI Ceilândia, Júnior
Brasília, recebe homenagem da CLDF, em
20/04/2011. Na foto ele está ao lado do
Deputado Cristiano Araújo. |
Júnior Brasília foi homenageado por ser o primeiro atleta do DF convocado para a
Seleção Brasileira de Futebol
José
Francisco Solano Júnior, professor de futebol e futsal do Sesi Ceilândia, foi
homenageado nesta quarta-feira (20/4), pela Câmara Legislativa do DF (CLDF), em
Sessão Solene realizada no Teatro Nacional.
Mais conhecido como Júnior Brasília, o professor do Sesi recebeu a monção honrosa por ter marcado história
na capital federal, ao ser o primeiro atleta de Brasília a vestir a camisa da
Seleção Brasileira de Futebol. Atleta profissional na década de 70, Júnior
Brasília iniciou carreira no DF no time do Ceub e passou por grandes times
nacionais como o Flamengo e o Cruzeiro. Atualmente, o ex-jogador dá aulas para
cerca de 400 alunos do Programa Atletas do Futuro (PAF).
Requerida
pelo deputado distrital Cristiano Araújo, a Sessão Solene em homenagem aos
jogadores campeões mundiais de futebol foi a primeira ação da Câmara
Legislativa do DF na campanha “Brasília 51 anos, a Copa começa aqui”. Além de
Júnior Brasília, outros quatro jogadores campeões do mundo e dois atletas
brasilienses foram homenageados. Entre eles, José Macia (Pepe); Dino Sani;
Paulo César Cajú e Paulo Sérgio Rosa (Viola).
Visivelmente
emocionado, o professor do Sesi falou de sua trajetória, ressaltando que morar
em Brasília para ele é uma grande satisfação em sua história.
“Meus pais foram
transferidos de Alvinópolis para o DF quando eu ainda era criança. Iniciei
minha carreira na AABB, depois passei pelo Ceub, onde tive grandes treinadores.
Em 1976 iniciei no Flamengo e, em 77, tive o maior prazer da minha vida: vestir
a camisa da Seleção Brasileira”, contou. Júnior Brasília ainda completou:
“Ser
reconhecido por ter representado meu País por meio do futebol, não tem preço”.