Uma "peça" de teatro

 

José Maria de Carvalho

 

 
 

Alvinópolis sempre foi muito rica em cultura.

Grêmios literários, conjuntos musicais, fanfarras, bandas, grupos teatrais.

Conta-se que nos idos de 1950, foi encenada no teatro local uma peça  que alcançou grande sucesso. 

Na trama, ocorria uma cena de adultério:

- Uma mulher casada recebe, em casa, através de um menino, um bilhete do amante.

 

Ela está sentada no sofá, a criança bate na porta cenográfica, ela atende, recebe o bilhete e o mensageiro sai.

Neste momento chega o ator, que representa  seu marido.

Quando ele bate na porta, ela se assusta e exclama:

­ Meu marido!

Coloca fogo no bilhete e o joga atrás do sofá.

 

O marido entra, desconfia de alguma coisa e diz:

- Que cheiro de papel queimado!

 

 

Ao que a esposa responde:

-É que eu fiz uma faxina na casa hoje e queimei alguns papéis!

Pois bem. Ensaio perfeito.

 

Vamos à estréia: domingo, depois da missa das sete, teatro lotado, o espetáculo começa.

E enfim acontece a citada cena.

 

A mulher está sentada, o menino chega, entrega o bilhete e sai; ela lê o bilhete.

Nisso o marido chega e bate na porta.

Ela exclama:

- Meu marido!

E vai por fogo no bilhete!

 

O ‘fidumaégua’ do contra regra se esquecera de colocar o isqueiro sobre a mesa.

 A boa atriz improvisa: rasga o bilhete em vários pedaços e os joga atrás do sofá (e o ator, seu marido na peça, vendo aquilo de trás do cenário).

 

Ele entra, desconfiado como deveria estar e também improvisa:

 

 

- Tô sentindo um cheiro de papel rasgado!

 

Vai ter olfato assim lá na PQP!

 


José Maria de Carvalho é alvinopolense.

Contato :  josemaria_decarvalho@yahoo.com

 

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