A PRAÇA SÃO SEBASTIÃO E SUAS METAMORFOSES
Marcos
Martino
Algumas
cidades, principalmente as mais antigas, tinham espaços
que se chamavam largos. Em Tiradentes, algumas áreas
centrais da cidade ainda continuam com o nome de”
largos”. É onde aconteciam e ainda acontecem as
cerimônias, comícios e onde são armados circos , parques
de diversões, etc. Pois em Alvinópolis também
havia o largo da Baixada, local em que foi construída a
Igreja de São Sebastião.
No inicio,
era apenas um baixadão de terra batida, mas já nesta
época, os rapazes e as moças elegiam o local como
ponto de encontro e desfilavam com suas roupas
elegantes. O que atrapalhava é que chegavam em casa e
tinham de limpar a poeira dos pés.
Imaginem o
poeirão da época de estiagem.
E nos
tempos de chuva?
As pessoas
ficavam até mais altas, pelas camadas de barro nas
solas.
Com o
passar dos anos, os largos nas cidades foram se
transformando em praças e com Alvinópolis não foi diferente.
Ganhamos uma grande praça gramada e arborizada, uma das mais
bonitas da região.
A
praça era bem cuidada, o gramado servia de “tapete” para os namorados, para as
pessoas que visitavam a cidade, um oásis de tranquilidade. Ao centro, uma fonte
com água.
Era um
espaço maravilhoso, sem similar na região.
Os
bancos com recosto eram concorridíssimos nos finais de semana, seja pelas
turmas, seja pelos namorados. O Bacana é que eram patrocinados, adotados pelo
comércio e empresas.
Com o tempo,
as árvores foram crescendo, e o verde da praça se misturou
ao verde dos arredores. E olha que sempre tive a mania de
chamar Alvinópolis de cidade verde, a Verde Terra.
Mas chegou um
dia em que cismaram que tinham de mudar, que a praça não
estava boa. Só que não consultaram ninguém. Houve argumento
de que as árvores estavam velhas, precisando ser cortadas e
que não estava sendo possível preservar a grama.
Se pretendiam
fazer uma reforma, que fizessem um projeto mantendo a beleza
da praça. Mas resolveram ser práticos, ignorando a estética.
Onde havia grama, colocaram cimento. As árvores foram
cortadas. O resultado é que criaram ilhas de verde em meio a
um mar de concreto. Pra completar a decadência, o
tradicionalíssimo Industrial S.C também resolveu reformar
sua fachada. Mais uma vez trocaram o belo pelo prático. O
resultado pode ser conferido nas fotos.
Era assim.
Ficou assim.
Depois da
transformação, a Praça São Sebastião ganhou o apelido de
cimentão e não era pra menos. Pra completar, colocaram uma
obra de arte no centro da praça sem nenhum lastro com a
cidade, que ganhou o apelido carinhoso de toletão.
Há
quem pense que o lado prático deve mesmo prevalecer sobre a
beleza. Há até quem pense que a praça ficou melhor. Você
concorda?
Onde está o verde? Jacaré
comeu!
Em frente ao Nicks,
com as luzes fica até bonitinha na foto.
Agora a cidade
espera que algum prefeito seja capaz de restaurar a Praça.
Como era no
passado, jamais será. A vida é dinâmica. Mas pode ser melhor
tiver consultorias de um arquiteto, de uma paisagista, do
pessoal da prefeitura.
Pode ficar até
melhor se houver amor, compromisso, o desejo de ver a cidade
mais humana, com mais qualidade de vida, confirmando a
nossa fama de cidade hospitaleira, que recebe bem seus
visitantes.
A praça São
Sebastião é o nossa sala de visitas e precisa estar muito
bem cuidada, afinal, a sala de visitas é um espelho do que
somos.
Que tal um
arquiteto local criar um projeto e presentear Alvinópolis?
Espero que a
lição tenha sido aprendida.
Que a próxima
metamorfose seja compartilhada e não imposta.
*Fotos do arquivo de Nilo
Gomes Vieira,
Mauro Sérvulo, Gjunior e Rogério Martino.