Eu sou uma moça
Marcos Martino
Que
ninguém confunda com qualquer desvio sexual ou algo que
o valha, mas tenho de dizer:
eu sou
uma moça!
Digo isso com aval do grande poeta do cotidiano
Alvinopolense, Ilderaldo Francisco Ferreira, o poeta
sanão.
Muitas vezes, Ilderaldo comentava:
- Esse
rapaz é uma moça de tão bom.
Ele dizia bom no sentido da educação no trato com as
pessoas, da pureza, da singeleza.
Outro dia, dentro de um ônibus em Belo Horizonte, quando
fui pedir licença a um senhor que estava sentado na
cadeira do corredor, o fiz com tanta delicadeza que o
rosto do velhinho se iluminou num sorriso. Ele se
surpreendeu porque cortesia não é uma coisa muito comum
no cinza da cidade grande, principalmente com os mais
velhos. Também virou moça na hora e me deu licença,
também de forma gentil.
Na hora, me veio à mente a
figura da minha mãe D.Neusa, que era uma escola de cortesia
e gentileza. Esse jeito de abordar as pessoas de todas as
classes sociais com atenção especial, respeito e humildade
era uma marca da filha do Seu Dominguim, costume que acabou
sendo assimilado por todos que com ela conviveram.
Ilderaldo também foi moça, ao
ser gentil tanto com os homens que classificava como moças,
como com as próprias moças, por atribuir-lhes os signos da
delicadeza, da finesse, da temperança.
Queira Deus que sejamos sempre assim, homens fortes, bravos
e viris no cumprimento dos objetivos, mas que também
saibamos ser moças no convívio, com feminina sensibilidade.