O MURO E A COMUNICAÇÃO
( OU A FALTA DELA)
Marcos Martino
Algumas lembranças de quando éramos ainda crianças nos
vem bem claras quando alguns fatos acionam os gatilhos da
memória. Nos últimos dias, estive em Alvinópolis e confesso
que também fui impactado com o muro que subiu defronte ao
Grupo Monsenhor Bicalho. Lembro-me da época da construção do
grupo, da sua parte principal. Na ocasião, eu passava o dia
na casa da minha avó, Dona Maria, mãe do meu pai. Minha mãe
trabalhava o dia inteiro no fórum e meu pai, também começava
a trabalhar na prefeitura, após anos e anos como sapateiro.
Por isso, tinha de ficar na casa da minha avó. Aproveitei
para viver ali alguns momentos muito ricos da minha memória
de menino. Pude assistir, por exemplo, a construção da parte
nova do grupo, que para mim era moderníssimo. Vi a colocação
dos letreiros metálicos que lá estão até hoje.
Num primeiro momento
freqüentei o jardim de infância. Depois, passei para o
primeiro ano, onde estudei com alguns amigos como Ubaldo,
Paina, Álvaro Paiva, Marcinho de seu Zé, Marquinhos de Dodô,
Chico de Remo, entre outros. Lembro-me que a minha avó
ficava me olhando entrar no grupo, depois me acompanhava com
os olhos, subindo as escadas e eu antes de entrar na sala,
ainda dava uma olhada pra ela e um tchauzinho disfarçado,
para a turma não ver e cair na gozação. Lembro-me também que
na hora do recreio, ela ia até pertinho do muro e me
entregava uma merenda especial que preparava pra mim. Graças
a Deus nasci naquela época. Olha que a minha vó era
extremamente religiosa. Educou a todos os que por ali
circulavam, com muita religiosidade e com espírito de amor
ao próximo.
Custo a acreditar que agora,
em pleno século XXI esteja florescendo em nossa sociedade
uma nova era de trevas, de tentativas de punir os justos,
pelos delitos dos injustos. Por mais que as mazelas dos
novos tempos espreitem, não podemos comparar nossos
problemas sociais com os de cidades maiores, com seus
bolsões de miséria. Por mais que as drogas tentem a nossa
juventude, por mais que o crack avance, não será com muros
que vamos cercar o “demônio”. Tenho muito medo das
lideranças conservadores que ascendem ao poder. Tenho lido o
mural do alvinews e me confrontado com palavras muito duras
como: presídios para crianças, muro das lamentações, volta
da palmatória. Isso chega a dar arrepios. Melhor seria que o
Secretário de Educação viesse a público explicar o porquê do
tal muro. Estamos aguardando uma explicação racional.
A essa altura do campeonato,
nem dá pra fazer mais nada. O muro já foi construído, à
revelia da opinião pública. Não se sabe se a câmara do
vereadores opinou e muito menos se o patrimônio público foi
ouvido, se o imóvel era tombado, enfim. Alguém chegou a
citar que poderia ser para proteger o moderno setor de
informática, de evitar a ação dos vândalos. Mas também
apareceu uma pessoa no Mural que parece conhecer a fundo a
situação e que usou de argumentos extremados e ao meu ver,
equivocados.
O Deus bíblico do antigo
testamento era cruel e punitivo. A partir do momento em que
enviou Jesus, seu filho, evoluiu e tornou-se clemente em
Cristo. A Bíblia continua sendo escrita por cada cristão
filho de Deus nesse planeta. Se até Deus evoluiu com seu
filho, está na hora de todos nós pensarmos e darmos passos à
frente. Não que devamos nos quedar a libertinagem, mas
também não cabe retornarmos a tempos medievais de escuridão.
Vale aqui também um puxão de orelhas no amigo Galo Índio.
Ultimamente fiquei feliz ao ver nascer em nossa cidade um
novo jornal, mas nosso prefeito me disse que vai ajudá-lo,
mas que já está programando de fazer um jornal próprio da
prefeitura.
Tudo bem, Galo. Só que isso
está demorando demais e as comunicações mais simples não
chegam ao povo. Tá na hora de apertar o tal de Walfrido para
fazer a comunicação fluir direito. Mas sinceramente, acho
que funcionaria melhor se tivesse alguém na própria
prefeitura ou na cidade para fazer uma comunicação eficaz.E
os secretários também precisam ser mais participativos e dar
a cara a bater, até mesmo para defender os atos do executivo
e evitar certos julgamentos precipitados, como pode ser o
meu.
( Agora, se eu estiver
equivocado, se estiver sendo injusto, a culpa é da
comunicação que não fluiu)
Marcos Martino é
alvinopolense, poeta, escritor, jornalista, músico.
Email :
marcos.martino@gmail.com