Lição de vida
Maria das Graças de Souza
Linhares
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Foto : Gjunior |
Perdida em meus pensamentos,
recordando o tempo em que meus filhos eram ainda crianças,
chego até a ouvir os gritos das brincadeiras e as vozes de
cada um a me chamar incessantemente pela casa agora vazia.
Mas, de repente um
pássaro entrando pela janela me chamou a atenção. Parecia
procurar algum lugar para fazer seu ninho. Rodou, rodou e de
repente, parou frente ao pendente de uma luz. Logo depois
saiu e voltou trazendo no bico pedaços de algodão e folhas
secas.
Foram dias e mais
dias de trabalho na construção do ninho. Parecia ser os seus
primeiros filhotes que iriam nascer, e com muito amor. A
cada dia o ninho ficava mais bonito pronto para acolhê-los.
E daí todas as manhãs
bem cedinho, mamãe passarinho entrava pela fresta da janela
e depositava o seu algodãozinho para construir seu ninho com
carinho.
Depois do ninho
pronto, ficava ali horas e horas sobre o ninho até que um
belo dia apareceram dois ovinhos. Como uma mãe que vive em
função dos filhos, ela ficava quietinha sobre o ninho para
mantÊ-lo bem quentinho, pois não queria que nada de mal
acontecesse.
O tempo foi passando
até que os ovinhos se transformaram em dois filhotinhos e a
mamãe passarinho não cabia de contentamento.
Todos os dias, a mamãe
buscava os alimentos para os seus filhotinhos, que foram
crescendo, crescendo e tornando-se cada vez mais fortes e
bonitos.
Um dia, mamãe
passarinho saiu bem cedinho pela janela para buscar
alimentos e enquanto isso os filhotes , já fortes, também
saíram em direção diferente, tentando dar o seu primeiro vôo
sozinho.
Desesperada, mamãe
passarinho, que criou os seus filhos com tanto amor, se viu
sozinha e chorou.
Esperou por vários dias a
volta dos seus filhotes. Continuou trazendo com antes, o
alimento para eles. Mas nada, os dias foram passando, até
que mamãe passarinho percebeu que seus filhotes tinham
criado asas e voado.
Quem sabe algum dia ela tornará a velos de novo?
Ou talvez
não os verá nunca mais!
A vida é assim. O tempo passa
e ás vezes nós não sabemos aproveitar os tesouros que Deus
coloca em nossas vidas. Só quando nos vemos sozinhos é que
vem a saudade e a lembrança do tempo vivido.
Eu, que observei e acompanhei
todo trabalho desde a fabricação do ninho, cheguei a uma
conclusão que me serviu de lição: a gente cria os filhos com
todo carinho, amor e proteção querendo que eles estejam
sempre perto da gente, mas neste mundo ninguém é dono de
ninguém.
Chegará o momento em que eles
também criarão asas, voarão e sairão a procura de suas
realizações. E da casa cheia, do tempo de criança, só
restarão as recordações.
O tempo pode passar rápido.
Os filhos podem ficar pouco tempo com as mães, mas o amor é
permanente.
Maria das Graças de Souza
Linhares é alvinopolense,
professora aposentada,
escritora premiada em vários concursos - inclusive no Vale
do Aço. Ela
faz parte da Academia
Municipalista de Letras, Artes e Ciências de Alvinópolis -
AMALCA
Contato :
alvinews14@gmail.com