Campo minado de eternas batalhas
Deuses vencidos, vendidos, banidos,
Celeiro de poderosos guerreiros
É a batida no couro e o eco sem
volta
Terreiro do horror da revolta
O que foi luz cativa trevas
E a bola, a expoente,
Já não tem reverência
Resta o forte brado de tristeza
Clamando por emergência
O homem que dos calos
Cavou o chão
O chão que passeia a bola
A bola que faz história
O homem que com os seus dotes
Fincou no chão os primeiros postes
Reverenciou ao pai elevando aos céus
Fez nascer o esporte com os seus
lauréis
Oh! Que saudades
Das marcas das chuteiras nas
trincheiras
Do homem gol e seu cabeceio
Fazendo a festa do povo
Que pedia o gol de novo
Oh! Alvinopolense
Aquele você se lembra?
O alvinegro das tradições
Dos velhos craques,
Das batalhas sem mortalhas
Dos trapos e pouca roupa
Movidos pela paixão
E a bola?
Coitada, ela que tanto rolava
Hoje não rola mais
Restam as chagas, é claro...
E um horrível presumo de morte
Oh! Amigo tão ingrato
Não vês?
É a morte... A morte da bola, esta
sem sorte
Que adormece em pleno calote
E o que foi luz alimenta a escuridão
o silêncio retumbante da história
Faz do pranto um explícito código
Da humana afirmação
E as páginas amarelas deste caderno
Sangram em prantos demorados de
espera
O rosto dos saudosos e eternos
Brilham em lágrimas
Sozinhos, frágeis...
Sem justiça nesta terra
O olhar curioso daqueles que passam
Das questões, das dúvidas,
Das incertezas, dos passos em falso,
Dos cadafalsos, das câmaras de
tortura,
Da cegueira, da injúria,
Do executivo sem motivo,
Do povo que faz prá ver de novo
E a peleja da humanidade
Sai do campo, da cidade
Vai pras mesas dos botequins
Prá discutir os enfins
E o saudoso alvinopolense...
Parado... Estancado na avenida
Perdeu o terreiro que lhe dava
vida...
Rola bola, rola de novo
Mostra pro teu povo
Que tu és rainha
E se tentaram lhe mostrar o inferno
Erro mero...
Queimaram-na como a Roma de Nero
Mas jamais lhe arrancarão o cetro
Pois o teu reinado é eterno como o
ferro
Resta saber se estes homens do poder
Vão sentir na intimidade
O que sente toda a cidade
O respeito merecedor, deste clube de
tantas glórias
Das saudosas vitórias
Dos gritos do torcedor
Sofredor de tanto amor
Maurício Lima é alvinopolense e ex atleta do AFC.
Contato : mauriciolimae@yahoo.com.br