A HISTÓRIA DO VERDE TERRA

PARTE 13

 

Neo Gêmini

 

Jovelino, Joãozinho, Rogério, Manoel, Ronaldinho.

Foto do acervo do Carlinhos Gipão.

 

Mês de Agosto/1981

Muitas festas, shows e churrascos


Depois da difícil e muito comemorada 1a. vitória no Festival de Alvinópolis/julho-1981, pintaram muitas oportunidades para o grupo. Muitas cidades queriam ver shows do Verde Terra e apresentações, até alg

uns locais bem distantes de nossa terra.

 

Mas, enfrentávamos um grande problema: não tínhamos aparelhagem de som própria, como potências, amplificadores, etc. E geralmente essas cidades também não dispunham disso.
O mês de Agosto do ano de 1981 foi considerado "O Mês dos churrascos"; explica-se: fomos convidados para uns 3 ou 4. E também estávamos na contagem regressiva para nossa formatura em Técnico de Contabilidade na Escola Estadual Professor Cândido Gomes (a maioria dos integrantes), que seria realizada em Dezembro.

No começo do mês, fomos tocar no "Encontro de Arte" do saudoso banco "Minas Caixa", empresa onde o Marcos trabalhava em Alvinópolis. Foi na cidade de Ponte Nova, onde eu já conhecia, pois sempre passeava lá com meu pai. Tocamos no grande e tradicional clube Pontenovense, num sábado à noite e foi um tremendo sucesso; aqueles bancários e associados do clube ficaram entusiasmados com as músicas. Tocamos alguns covers e os famosos baiões. O único fato inusitado aconteceu quando o Marcos, prá agradar o pessoal de lá, cismou de tocar violão e um samba, junto com a turma da banda de música da cidade de Jequeri (vizinha de Ponte Nova). Foi um total desarranjo, ele tentando afinar o violão com o trombone do pessoal. Os verdeterranos foram saindo aos poucos do palco e depois só ficou o Marcos e o trombonista.

Foi muito engraçado.

O Ricardão caiu de risada e já no hotel (de madrugada) colocou o apelido nele de "Jequeri".

 

No domingo pela manhã, fomos para o Churrasco propriamente dito em Urucânia, outra cidade perto de Ponte Nova, no clube local, com piscina, quadras de esportes, barzinho e outros campos de futebol. Também tocamos, agora em formato acústico num cantinho do barzinho do clube, com todos bebendo e comemorando. Menos o motorista que nos levou de ônibus desde Alvinópolis até lá.

 

Então aconteceram alguns fatos tristes. Estávamos todos curtindo, havia um festival de chopp lá, muitas garotas, churrasco à vontade, e por volta das 14 horas uma turma do Verde Terra cisma de ir embora, porque já estava "ficando tarde". Lembro-me que não topei voltar e então ficamos prá trás eu, Ricardão e o Ronaldo.
Já estávamos um pouco bêbados, lembro-me que caímos na piscina de roupa e tudo para tirar a bebida da cabeça. (Molhamos os documentos , carteiras, etc). O problema depois é que não tínhamos lugar de ficar em Ponte Nova (voltamos de ônibus especial até lá).


Então tivemos a grande idéia de voltarmos naquele domingo à noite ao Hotel Globo, onde ficamos na noite anterior. Foi um custo prá "dobrarmos" o senhor gerente lá. No fim ele aceitou e fez um preço super acessível. Também era só dormir.

Tivemos que deixar as roupas e todos os documentos, soltos para secar.

No outro dia cedo fomos para Alvinópolis, no primeiro ônibus de carreira. O dinheiro foi a conta de chegarmos até Alvi.


Quando cheguei na minha casa, meu pai, estava uma fera, pois ficou preocupado porque não voltei junto com o pessoal do Verde Terra. Ele chegou a ir na Prefeitura falar com o João Carlos e o pai do Marcos, prá saber o que aconteceu. Mas foi uma festa legal.

 

Encontro Verde Terra no Festival de Música de Alvinópolis 2009.

Manoel, Carlinhos Gipão atrás.

Na frente Joãozinho, Ronaldinho, Jovelino e Marcos.



No dia 15/agosto/1981, (novamente essa data, que me traz lembrança de um acidente na estrada entre Alvi e D.Silvério), o churrasco foi na casa do Zé Carlos Barros, cunhado de Joãozinho, justamente na cidade de Dom Silvério, onde ele morava e também trabalhava na MinasCaixa.

Era o dia da Festa da Padroeira da cidade (Nossa Senhora da Saúde). Muita gente naquele município. A festa começou por volta do meio dia e rolou até à meia noite. Muito violão, surdo, percussão, pandeiro, etc. E o Verde Terra tocando os grandes sucessos, os baiões, muita MPB de qualidade, que sempre tínhamos no repertório, para ocasiões especiais. Os arranjos vocais também estavam bons, aquela pinga de interior ajudava os vocalistas básicos.

No outro final de semana (22 e 23/08 - 1981), o churrasco foi na casa do integrante do grupo, o João Carlos, ou Joãozinho ou ainda o famoso "Gão". A festa também foi organizada pelo Zé Carlos Barros, que sempre acompanhava o Verde Terra nas viagens para os festivais pelo interior. Foi o batizada a filha dele. Foi no quintal da casa do João e fizemos muito barulho, num domingo pela manhã, com surdo, violão e até viola de 12 cordas e também bandolim. O saldo negativo foi o Ricardão que depois de tomar todas caiu e machucou o olho no muro da casa.

Teve inclusive que ser levado para o hospital e levar uns pontos para ajudar na cicatrização. Muitos vizinhos apareceram lá para ajudá-lo e apoiá-lo. A festa foi ao lado da casa do Dico que levou seu tradicional surdão.

Ainda nessa época, geralmente, toda sexta-feira, tocávamos no "Tim tim", um barzinho super aconchegante,no fim de uma rua no bairro do Souza, na saída para Fonseca, Santa Bárbara e hoje para o Parque de Exposições (perto da Cantina do Ricardo de hoje).

Isso acontecia sempre depois das 23 horas, quando saíamos da aula e já havíamos deixado as respectivas namoradas em casa. Às vezes, depois que tocávamos rolava até uma serenata prá elas e outras pretendentes. Isso após às 3 da manhã. Era legal o barzinho, além do ambiente, a cervejinha, as cachaças, os tira-gostos. O local tinha uma acústica ótima para ensaiar os arranjos de vozes.

 

Lembro-me que selecionei mais ou menos 100 músicas de diversos cantores e grupos nacionais e datilografei em 5 vias (na época eram cópias mimeografadas). Sempre levávamos para o barzinho e tentávamos fazer novos arranjos vocais e escolher a sequência de um show. E cada dia estava melhor, sempre aperfeiçoando. É verdade que na hora de ir embora havia alguns integrantes bem bêbados e falando muito pelas ruas, mas sempre conscientes das limitações. Ficávamos cantando e às vezes até acordávamos moradores. Sempre víamos os primeiros trabalhadores indo para Cia. Fabril Mascarenhas e os padeiros entregando os pãezinhos quentinhos pelas ruas, e até muitas vezes o sol já nascendo em Alvi.
Foram momentos marcantes e inesquecíveis que o Verde Terra me proporcionou.
Por isso que Marcos compôs, alguns meses antes, a canção "Amanheceu na cidade".
Foi um fato que ele presenciou e teve muita inspiração.

No próximo capítulo voltarei aos festivais, agora em Caratinga, com o XII FEMPOC em Setembro de 1981.
 

Bom carnaval à todos, muita paz, saúde e juízo.
Neo Gêmini

 

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