A HISTÓRIA DO VERDE TERRA
PARTE
22
Neo Gêmini
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Caeté vista de cima. |
VERDE TERRA - CAPÍTULO 22
FESTIVAL DE MÚSICA DE CAETÉ - MG - Janeiro/1983
Após o Festival de Congonhas (Out/82), ficamos um tempo parados.
Não fomos novamente em Conselheiro
Lafaiete, nem Acesita e tão pouco Sete Lagoas. Creio, que devido aos
resultados desses festivais, não queríamos que a decepção se repetisse.
Eu estive em B.Horizonte, exatamente no dia 01/12/82 para assistir ao
vivo, no Ginásio do Mineirinho (lotado), o show do cantor inglês Peter
Frampton.
Foi emocionante ver um ídolo pop bem de
perto. Cerca de 25 mil pessoas numa apresentação histórica.
Minhas irmãs já moravam em Belo Horizonte e eu estava com um emprego já
arrumado numa agência de Caderneta de Poupança (Mutual), que deveria ser
confirmado para Janeiro/83.
Novamente os integrantes do Verde Terra passaram um reveillon juntos e
animados em Alvinópolis, juntamente com suas namoradas. Apesar de
pequenas separações (integrantes se mudando), o grupo continuou vivo e
já fazíamos planos para gravação de um LP.
Mas, o grande problema era que muitos componentes iam em festivais mas
não estavam sempre no grupo, nos ensaios, no cotidiano. Era um fato que
rolava e pra gravação que pretendíamos, brevemente teríamos que tomar
uma decisão. Em resumo, a união do grupo era sempre partida... muitas
vezes ficava a sensação de ausência de alguém...
No final de Dezembro/82, fizemos inscrição para o festival de música de
Caeté, cidade localizada perto de Belo Horizonte (cerca de 40 km).
Como era época de férias, muitos amigos do
Verde Terra resolveram prestigiar o grupo e também curtir esse evento.
O festival foi marcado pela "invasão" de pessoas de Alvinópolis naquela
cidade, como turistas e anônimos. Lembro-me que na quinta-feira
(06/01/83), Dia de Reis, fiz até a simpatia da romã, para trazer sorte
no ano. O emprego na Caderneta de Poupança Mutual foi confirmado. Eu
começaria a trabalhar de office-boy já na segunda-feira seguinte, dia
10/01/83.
Então, na quinta à tarde, já me mudei para B.Horizonte. Viajei com meus
pais no ônibus da Lopes e Filhos às 15:30 hs. E o Festival de Caeté
seria na sexta, sábado e domingo.
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Neo Gemini tocando pelo
Verde Terra. |
Já na sexta-feira (07/01) encontramos com a galera do Verde Terra
(Carlinhos, Jovelino e amigos) na rodoviária de Belo Horizonte.
Esperamos o restante do pessoal chegar à noite (por volta das 19:30 hs),
vindos de Alvinópolis. E fomos direto para Caeté, fazendo muita bagunça
no ônibus, tocando violão e ensaiando um pouco os vocais. Classificamos
4 músicas no festival de lá. Não me lembro todas que se classificaram.
Algumas seriam tocadas sexta e outras no sábado.
Ao chegarmos, notamos que a cidade é bem dividida, com muitos morros e
tudo um pouco longe. Ficamos hospedados num hotel bem antigo, numa
praça, na parte histórica da cidade. O festival estava acontecendo no
moderno ginásio poliesportivo, recém inaugurado.
Lembro-me que a galera de Alvinópolis, que se juntou ao Verde Terra
(entre eles o poeta Ilderaldo Ferreira e também o primo de Marcos
,Fernando Taioba), queria sempre que fizéssemos um batuque com violão
para conhecer as meninas da cidade e região. Até lançamos um refrão
assim:
"Caeté, Caeté, oh lugar que tem muié ".
A bateria (através do surdão) era poderosa e esfuziante e com o mito de
"Ladim" (um personagem de Alvinópolis), pelas ruas da cidade
histórica...
O resultado da classificação para a final só foi divulgado no sábado á
noite; classificamos "Nós, os Loucos" e "Massacre no Solimões".
A finalíssima seria realizada no domingo,
a partir das 15 hs.
Achei bom, pois no outro dia já às 10 da
manhã estaria "batendo o ponto" no relógio " no meu primeiro emprego, e
não poderia atrasar.
Praticamente não ensaiamos no domingo. Ficamos até de madrugada pelas
ruas, na rodoviária, perto do hotel fazendo som prá comemorar a
classificação.
No domingo acordamos tarde, almoçamos,
descansamos e fomos direto para o Ginásio.
Após a apresentação ficamos na expectativa do resultado.
Todos gostaram de "Nós, os Loucos".
Lembro-me que o ginásio ficou enlouquecido
com a música e o refrão :
"Hoje o Da Lua não veio, hoje o da lua
ficou, por causa daquela estrela, que lá no céu se apagou"...
Apesar de esperarmos os primeiros lugares, nos contentamos com o
resultado final:
4o. lugar com "Nós, os Loucos" , um razoável prêmio em dinheiro e um
troféu.
E também o 6o. lugar com "Massacre no
Solimões" e como prêmio uma máquina de fotografia, marca "Love", que
fazia muito sucesso na época.
Mas o nível do festival estava bom e
ficamos muito felizes com o resultado. Prá variar, fizemos aquele
carnaval pelas ruas, principalmente perto da rodoviária e ruas
paralelas. Todos com aquele sorriso de felicidade.
Lembro-me que viajei por volta das 22 horas, juntamente com o Carlinhos
Jipão e outros integrantes, direto para Belo Horizonte, novamente de
ônibus.
Cheguei em casa, bairro São Lucas por
volta da meia noite e meu pai já estava preocupado com o atraso, devido
ao outro dia, pois acordaria bem cedo para meu primeiro dia de trabalho
em Beagá.
Os outros integrantes que estiveram presentes dormiram em Caeté e foram
no outro dia cedo para Alvinópolis.
Outros foram para Belo Horizonte e na segunda direto para Alvi.
Durante a viagem de retorno e também quando adormeci, uma coisa sempre
me "atormentava" aquele dia, ou seja , dormi pensando...
"será que esse seria meu último festival,
ou então eu ficaria muito tempo ausente dos próximos e futuros...
Até aquela data eu havia participado de
todos festivais com o Verde Terra. E partir de então, não morando mais
em Alvinópolis, talvez ficasse bem difícil. Pensava que os festivais
acabariam para sempre prá mim...
Mas sempre vinha a frase: só tempo irá
dizer se eu estava com a razão...
Até a então a sensação era de tempos
ótimos e bem vividos e partir daquele dia, novos desafios me esperavam
na cidade do mais Belo Horizonte.
Mas o Verde Terra estava mais vivo do que
nunca em mim...
Abraços a todos.
Neo Gêmini
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