I FESTIVAL ESTUDANTIL DA
MPB DE CATAGUASES/MG - JUNHO/1981
O melhor festival, um
segundo lugar com sabor de primeiro, muitas namoradas e
o dinheiro que não recebemos até hoje...
No começo de Maio, fizemos a inscrição para o festival
de Cataguases, cidade da Zona da Mata mineira, perto de
Leopoldina e Juiz de Fora. Eu vi o anúncio do Festival
em um jornal e convenci o pessoal do Verde Terra a
participar, apesar da distância...
Inscrevemos 4 músicas: "Nós, os Loucos", "Interior",
Canta Violeiro" e "Massacre no Solimões".
Classificaram-se as 3 primeiras, apenas "Massacre no
Solimões" ficou eliminada na pré-seleção. Estávamos
super animados, pois dias antes, havíamos recebido uma
carta do organizador do evento, sr. Edy Maury, dizendo
que a música "Nós, os Loucos" era a mais pedida e ouvida
na rádio local. E também queríamos conhecer essa
progressista e simpática cidade de Minas, terra natal de
Humberto Mauro, um dos pioneiros do cinema nacional.
Arrumamos
alguns colegas de Alvinópolis e fomos em 3 carros,
inclusive um Fiat 147 e outro Dodge Polara. Além do
grupo foram 5 conterrâneos para curtir o festival. O
Carlinhos foi de ônibus de B.Horizonte (7 horas de
viagem). O Jovelino veio de Gov. Valadares e foi conosco
de carro desde Alvinópolis. O Ricardão, agora já
efetivado como integrante do grupo, além da novidade:
Rogério Martino (com 14 anos) que inclusive, faria sua
estréia no violão base. Foi necessário também uma
autorização junto ao juiz da cidade para que ele
viajasse, igualmente para mim e Marcos Martino, devido à
idade inferior a 18 anos.
As 3 músicas seriam tocadas no sábado, dia 20/06/81,
último dia da regência de Gêmeos.
A ausência foi de Jesus Bereco, que se desligou do grupo
após seu casamento em Maio do referido ano, ou seja se
despediu no Festival de João Monlevade.
Saímos de Alvinópolis cedinho, os 3 carros juntos e
fizemos uma "escala terrestre" em Viçosa para almoçar,
um bom churrasco. Chegamos em "Catá", à tarde e fomos
direto para o campo do clube Operário (local do
festival), que se localizava em frente à Estação
Rodoviária.
Ensaiamos rapidamente e já despertamos o interesse do
público devido às ótimas músicas. Também o local era
aberto e som estava ótimo. As nuvens escuras se
alastravam pelo bonito céu...
À noite
não houve festival, caiu um tremendo temporal.
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Reencontro do Verde Terra em 2009.
Manoel, Dico, Ronaldinho, Rogério, Cozó e
Carlinhos Gipão. |
Foi
transferida essa eliminatória para o domingo às 10 hs da
manhã.
Mesmo
assim, fomos para um barzinho "massaroca" e fizemos um
som beleza pura. A essas horas quase todos do grupo já
estavam bem acompanhados. Aliás a quantidade de garotas
que conhecemos chegavam junto mesmo...
Também
cidade perto do Rio de Janeiro...
Ao
contrário de outros festivais, ficamos num hotel
excelente no centro da cidade.
E localizado perto do campo do Operário. Assim não
tínhamos que nos preocupar muito com horário de ensaios,
apresentações, etc.
No domingo pela manhã fomos ansiosos para o local, que
recebia ótimo público.
Após a apresentação da música, que foi "Nós, os Loucos",
o público vibrou bastante. O som também ajudava.
Depois
"Interior" que foi outro sucesso. No júri estava gente
famosa, cronistas, jornalistas do Rio de Janeiro e o
cantor/compositor Walter Franco (lembram-se da famosa
musica "Canalha", do festival da Rede Tupi-1979 ?)
Aí aconteceram algumas coisas engraçadas: um amigo nosso
que foi dirigindo um dos carros perdeu a chave do
veículo. Mais tarde, um travesti da cidade a encontrou
no meio da grama e nossa turma fez a maior festa com
ele, cantando em agradecimento ao objeto encontrado. A
essas horas, de manhã, todos estavam bem "calibrados"
(pouco depois do meio-dia). O Zé Carlos, cunhado do João
Carlos era outro que foi dirigindo o seu carro. Ele até
subiu no palco com a gente, tocando agogô.
Para finalizar tocamos a alegre música "Canta Violeiro".
Após
encerrada a eliminatória, fomos convidados a dar um
show, devido ao sucesso que fazíamos na cidade.
No show (por volta das 13 horas), tocamos várias
músicas, os baiões de sempre, e depois o Jovelino fez
uma coisa que não gostamos na hora, mas depois
entendemos :
parou o show e convidou todos para irem almoçar.
Aí o show
acabou.
Creio que
ele pensou naquela célebre frase: "A fome é negra"...
À noite, éramos o centro de todas as atenções; as
pessoas queriam conversar com a gente, pedir autógrafos,
repórteres de vários lugares, garotas e até pais de
família com seus filhos. E a final estava sendo
transmitida ao vivo pela Rádio Leopoldina.
Inclusive eu estava numa boa com uma gatinha, dando uns
amassos na grama, bem longe daquela badalação, quando um
repórter do Rio de Janeiro chegou e me entrevistou,
querendo notícias sobre Alvinópolis, o processo de
criação do grupo, o surgimento do Verde Terra e se
pensávamos em nos profissionalizar, gravar LP, etc.
Mas enfim, chegou a expectativa de sempre, pelo
resultado;
Todos torciam pela nossa vitória, principalmente as
garotas, namoradas, amigas, mães, filhas, e também os
rapazes românticos.
No final, um resultado inexplicável: no primeiro lugar
ficaram duas músicas de Cataguases empatadas, cada uma
ganhou 20 mil cruzeiros e o troféu.
Nós ficamos em 2o. lugar, com "Nós, os Loucos" e um
lindo troféu, conquistando a admiração e simpatia de
todos.
No final, por volta das 3 da manhã, após o encerramento,
na despedida muitos abraços, beijos, afagos, carinhos e
lágrimas também.
Aliás eu e o João Carlos, fizemos uma "dupla de área":
eu estava "ficando" no domingo com a sobrinha da
namorada dele lá da cidade. Até acabei chamando-o de Tio
Gão".
Todos adoraram a cidade e queríamos voltar brevemente. O
único fato lamentável até hoje, 28 anos depois;
recebemos o pagamento do prêmio em cheque do organizador
do evento e não recebemos o dinheiro. O cheque voltou
sem fundos várias vezes. Até meu tio e padrinho (Tio
Nonô) que morava em Leopoldina, tentou (sem sucesso)
receber o dinheiro.
A notícia é que o organizador teve prejuízo no evento,
etc.
Mas o importante foi o prazer do evento em si; todos
verde terranos e amigos que foram adoraram a cidade.
Outros registros interessantes: um apelido novo que o
Ricardão ganhou: "Rodoviária", pelo fato de estar sempre
tomando umas e outras, além de muitos "bravos"
(conhaque, mel e limão) na Rodoviária, devido ao frio.
Outro apelido que ganhei foi "doente", pois estava todo
de branco no sábado, com sandália e meia (moda da
época). Mais alguns apelidos que ganhei lá :
"cabeça de fogo", "anjo barroco" (tinha o cabelo
grande).
A estréia do Rogério foi boa. Deu muita segurança na
base e melhorou sensivelmente a harmonia do VERDE TERRA.
Em determinado momento do Festival, ele estava meio sem
jeito; era cercado por mais de 10 meninas, conversando,
meio sem graça, bem tímido, como um "pacato cidadão".
Tive que socorrê-lo e sair com uma das garotas. Depois
convoquei o Jovelino par ajudá-lo na empreitada... Aí
ele também se arrumou...
A viagem de volta foi ótima. Saímos por volta das 4 da
manhã quase todos bem "chapados". À medida que
distanciávamos de "Katá" (nome carinhoso que uma garota
chamava a cidade), a tristeza e a saudade aumentavam. Eu
matava a saudade da city, através de cartas de algumas
garotas de lá.
Quem sabe um dia o Verde Terra em novo formato volte
àquele paraíso...
Aproveitem e curtam a nova fase do Verde Terra do
terceiro milênio.
Estamos tentando gravar um cd. Assistam aos shows e
procurem ouvir as canções..
VERDE TERRA é o cheiro da terra, ou seja a TERRA VERDE
de Alvi, com esperanças...
Abraços
NEO GÊMINI.
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