O Circo
Buffalo Bill em Alvinópolis.
Maio de
1954
José
Silvério de Carvalho
Eu era apenas um garoto de 11 anos e estudava no Primário,
do " Grupo Escolar Monsenhor Bicalho", na Avenida Antônio
Carlos, quando ouvi fortes rumores e comentários, que estava
chegando em Alvinópolis, vindo de Ponte Nova, o maior e
melhor Circo do Brasil.
O Fantástico
"Circo Búffalo Bill".
Fiquei
assustado com tamanha repercussão, achava que estava
sonhando, mas era realidade.
A Praça São
Sebastião (Baixada) foi o palco para receber o Monumental
Circo.
Aproximadamente 300 pessoas trabalhavam no Circo, entre
artistas e funcionários. A montagem foi rápida e em 3 dias
estava tudo pronto para o início dos espetáculos.
Praticamente
ocupavam toda a área da Baixada. As atrações eram muitas,
dentre elas, artistas de várias partes do mundo, roupas de
alto luxo, palco maravilhoso, conjunto musical para animar
os espectadores, etc.
Mas o que mais chamou a atenção
dos alvinopolenses foram os bichos : Elefantes, leões,
tigres, onça pintada, panteras, girafas, camelos, rinocerantes, hipopótamos, zebras, ursos, macacos de várias
espécies, sendo estes os animais selvagens. Além disso
existiam maravilhosos cavalos árabes, pôneis, cães
adestrados, avestruzes, araras, etc.
Foram apenas 4
espetáculos noturnos de quinta à domingo.
Durante o dia,
a "Baixada" ficava lotada de curiosos, inclusive eu,
querendo ver de perto os bichos, que eu só conhecia do
Cinema de Sebastião Eliseu, o "Cine Teatro Alhambra".
Por mais que
os Dirigentes do Circo alertassem para o perigo de
aproximação dos bichos, alguns acidentes aconteceram.
O primeiro
acidente foi com um rapaz da comunidade dos "Dias". Ele
pegou um "fêcho" de canas e ofereceu ao elefante, quando
este ia pegar a cana, ele recuava e não dava.
O Elefante
ficou irritado e o enrolou a sua tromba, arremessando-o para
cima e o mesmo caiu em cima da jaula da pantera negra, que
cravou as suas afiadas unhas em suas costas, causando vários
ferimentos, com o rapaz indo parar no Hospital Nossa Senhora
de Lourdes.
Outro rapaz da
Rua São José, irritou um macaco branco, que também cravou as
suas afiadas garras em suas costas. Seu destino também foi o
hospital.
No dia do
primeiro espetáculo, houve um desfile monumental pelas ruas
e avenidas de Alvinópolis, com a participação de todos os
bichos e artistas devidamente uniformizados, arrancando
aplausos por onde passavam.
O caso do elefante que aprontou na Baixada.
Logo no primeiro dia em Alvinópolis, o enorme "paquiderme",
de duas
toneladas, causou problemas aos moradores da Baixada.
Pela
madrugada, se soltou da corrente e invadiu a Fábrica de
Manteiga e devorou 60 quilos da "amarelinha".
Uma confusão
geral e haja "fraldão", chá de erva doce e de hortelã, para
conter o desarranjo intestinal do "Gigante".
Não
satisfeito, no dia seguinte, também clareando o dia,
invadiu a horta de Dona Vitória (ao lado do Nick!s Bar), e
devorou 80 pés de
alface, 50 repolhos, 30 pés de couve , tomates e tudo que
via pela
frente.
Outro quintal
"premiado" na Baixada foi o de Sá Lucinda, que viu o
elefante devorar uma moita de bananeira, deixando aquela
simpática senhora em prantos.
Pra finalizar,
resolveu dar uma coçada em suas costas, usando uma
casa na "Baixada".
A Casa começou
a balançar e os moradores saíram desesperados pra rua,
pedindo socorro, até a chegada do domador, que contornou a
situação.
Esse foi mais
um dos casos inesquecíveis acontecidos em Alvinópolis.
Um abraço a todos os Alvinopolenses.
José
Silvério de Carvalho (Vidrilho).
Contato
:
josesilverio.carvalho@gmail.com
Colunas anteriores