A construção da atual sede do Alvinopolense Futebol Clube

 

Por José Silvério de Carvalho (Vidrilho)

 

 

O Alvinopolense foi fundado em 1 de julho de 1916.

História das sedes do AFC.

Nos anos 30, morava um português em Alvinópolis chamado Antonio Conde, que era casado com uma mulher de família alvinopolense. Este emprestou a casa de sua propriedade para que funcionasse a sede do Alvinopolense. Abaixo a foto da sede, que funcionava onde hoje é a casa do Zé Acessório.

Primeira sede do AFC - Foto : Mauro Sérvulo

 

Em seguida, nos anos 40, o AFC comprou um sobrado de 2 andares, onde atualmente funciona a loja a Mobiliadora, em frente a casa do Carmo Cota. A parte de baixo funcionava como almoxarifado, com o segundo andar funcionando como sede social.

No fim dos anos 40, o AFC vendeu essa sede para o Governo Estadual, que ali instalou a Escola Estadual Monsenhor Bicalho. No ano de 1952, esta Escola se mudou para o local atual, com a presença do Juscelino Kubistchek, então Governador de Minas Gerais, na sua inauguração.

 

Construção da sede atual

 

            Nos anos 50, Benedito José de Oliveira, vulgo Bené Dario, grande Presidente do Alvinopolense, adquiriu o terreno onde hoje se localiza a majestosa sede social do AFC.

Este lote era um barranco terrível, que vinha até o passeio. Pra quem olhava aquele lote, poucas perspectivas poderiam ser geradas, mas não para Bené Dario, que era apaixonado pelo Alvinopolense.

Da sede até defronte a casa de Lírio e Dona Maria existiam apenas lotes vagos.

Foi nesse espaço que começou o sonho do AFC, carinhosamente apelidado pelos torcedores do Industrial, de “Pouca roupa”, pois só tinha o campo de futebol em péssimas condições, no mesmo local do atual Estádio Anastácio de Souza.

 

Diante das dificuldades financeiras, Bené Dario fez de tudo para angariar fundos para o início das obras mas o que definiu mesmo a caminhada foi seu relacionamento com José Epifânio de Cerqueira, mais conhecido como Zé Américo da Estrada de Ferro, estrada essa que ficou só no sonho dos Alvinopolenses.

Zé Américo era uma espécie de Gerente de obras da estrada de ferro, tinha sob seu comando algumas ferramentas de trabalho, dentre elas, 50 carroças que eram puxadas por burros. Estas carroças foram cedidas ao AFC para o grande desaterro do lote abarrancado, que durou vários meses de trabalho árduo.

 

Feito o desaterro, Bené Dario, que também entendia de obras, contratou o Sr. Joaquim Vicentino Gomes, Quinzinho, grande comandante da Construtora,  loja de materiais de construção, que prestou e continua prestando grandes serviços à comunidade de Alvinópolis.

 

O próximo passo para a construção seria a fundação.

Naquele tempo não existiam as britadeiras de hoje e o AFC precisava de toneladas de brita.
Os tamanhos das pedras eram numerados, 0,1,2,3,4 mas como fazer para quebrar as pedras?

Diante dessa dificuldade, Bené Dario chamou os mestres de obras e disse :

- Contratem 50 garotos da comunidade para que quebrem as pedras na marretinha e pagaremos em dinheiro por cada lata de 20 litros.(No dinheiro de hoje seriam 2 reais por cada lata).

Dentre os 50 garotos estavam eu e mais um monte de grandes amigos, como Bené Classe, Jujuca, Nonô, Dadico, Heleno, Juquinha e Marcelo de Minô, Marcelo e Márcio de Zé Faustino, Adayr e Avanir de Juquita e mais alguns meninos da Bananeira, nome dado aquela época ao atual Bairro do Asilo ou Manoel Puig, como queiram.

 

Jujuca era uma espécie de líder do grupo. Com tábuas ele cercava um espaço de dois metros quadrados para cada garoto quebrar as suas pedras. Quando o volume de pedras já estava grande, vinha o famoso Sinhô Tontêm, eterno servente de pedreiro da A Construtora e fazia a medição : por exemplo, quem quebrou o equivalente a 10 latas, recebia 20 reais e assim sucessivamente.  O pagamento do nosso trabalho era feito aos sábados às 15 horas em ponto.

Um detalhe curioso é que alguns garotos “traíras” do nosso grupo, levantavam de madrugada e transferiam algumas latas de pedras dos nossos montes para os montes deles, aumentando assim seus rendimentos. Uma loucura, mas éramos muito felizes.

Dinheiro no bolso, corríamos para a nossa casa, entregávamos aos nossos pais e saíamos em desabalada carreira para o campo do Alvinopolense,  para não perder o treino do Lambari do Sr. Orlando Lima.

 

Sede do AFC 1959 -  Foto Mauro Sérvulo

 

Em junho de 1956, Bené Dario conseguiu inaugurar a tão sonhada sede social do AFC, ainda faltando alguns detalhes.

Em seguida, afastou-se por motivo de término do seu mandato e retornou em 1961, terminando a obra da sede e ainda dando uma melhorada considerável no campo de futebol, inclusive aumentando as suas dimensões.

 

Sede do AFC anos 80 - Foto Mauro Sérvulo

 

Já em 1980, Salvador Teodoro Alves, o saudoso Tuôla,(abaixo na Portaria do Clube) ampliou a sede, que praticamente dobrou suas dimensões. Foi construída também uma cobertura metálica que servia para reuniões e confraternizações menos formais.

 

Sede do AFC anos 80 -   Foto Mauro Sérvulo

 

Esta é uma parte da história  do Alvinopolense Futebol Clube.

Glória e tradição dos eventos esportivos e sociais da nossa Alvinópolis desde 1916.

 

 

Alguns participantes desse texto já se foram desta vida, mas continuam vivos em nossas memórias, pois foram pessoas brilhantes.

 

Saudações Alvinopolenses.

José Silvério Carvalho (Vidrilho) é alvinopolense e reside hoje em Belo Horizonte.

Colaboração na história das antigas sedes : Geraldo Magela de Souza.

Contato : alvinews14@gmail.com