1 - Márcia, como a música "entrou" em sua vida ? 

Desde criança, meu pai e minha mãe  sempre cantavam em casa, e muitas vezes  faziam duetos. Era maravilhoso !!  Eu sempre  acompanhava meu pai em festas na Fábrica Fabril Mascarenhas, onde ele dava um show tocando violão,  alegrando e cantando ...

Alvinópolis ajudou nesse despertar?

Sim, além de ter nascido em Alvinópolis, o clima e as montanhas bucólicas me traziam uma força estranha de querer  sair,  vencer e conhecer um mundo novo, ali  atrás das montanhas. 

2 – Você já pensava em ser cantora desde criança?

Não pensava, mas cantava várias vezes com meu pai e meus irmãos e, juntos, montamos a banda “Bicalhus”.   Éramos super jovens e a minha irmã Conceição era a cabeça de tudo. Todos cantavam e tocavam. Meu primo José Mauro Bicalho, também  sempre aparecia com o seu violão e uma música nova.

3 – Quais as suas maiores dificuldades no início da carreira e como você fez para vencê-las?

Toda carreira no início não é fácil,  e você tem que aprender com os erros e acertos. Aceitar com humildade o seu limite e  trabalhar bastante para alcançar e mostrar o melhor de si.

4 - Quais as suas maiores influências na música ?

São muitos, mas posso destacar: Frank Sinatra, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Gonzaguinha, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Cássia Eller , Leny Andrade, Elvis Presley, Cher , Tim Maia, Raul Seixas,  Sérgio Reis,  Zezé di Camargo e Luciano, Leonardo, etc....

5 - O quê seu pai representou pra você em termos de influência?

Muito. Ele cantava super-bem e  lembrava Nelson Gonçalves com seu vozeirão. Tinha uma garra incrível  em seu trabalho e em tudo que fazia. Era um homem de muita fibra, trabalhador e honesto. É difícil em palavras expressar o que sinto. Tenho imensa gratidão por tudo o que o meu pai  deixou para mim como exemplo de pessoa.

6 - Você é uma artista que foi lançada pelo festival de Alvinópolis ,que hoje quase não existe

mais. Qual a importância desse tipo de evento para sua formação ?

Não fui lançada no festival de Alvinópolis.  Apenas participei. Pelo contrário, tive várias decepções no festival. O que restou de bom foi o que aprendi: tive que lutar muito pra chegar onde estou,  e tenho muito ainda o que conquistar, com a graça de Deus.

7 - Você também compõe ou apenas interpreta?

Os dois.  Penso em fazer um cd acústico só com musicas próprias.

8 - Você acha importante o artista sempre estar pensando em melhorar?

O quê você faz para isso?

Sim, é importantíssimo aperfeiçoar sempre, estudar e aprender para melhorar.  As mudanças hoje em dia, não só na música mas na vida, estão acontecendo muito rápido e temos que estar preparados para acompanhar.

9 - O que você aconselharia para quem está começando?

Ter sempre fé e ser perseverante no que faz, seja o que for....

10 -Você conhece cursos para novos cantores ? Tem algum que tenha boas referências?

Não. Tive poucos professores. Sempre estudei muito, mas de uma forma autodidata. Existem materiais didáticos de excelente qualidade em cd’s e fitas de vídeo, nas casas especializadas.

11 - Quais as suas lembranças de Alvinópolis?

São muitas: a pracinha, as bandinhas , os carnavais, as cavalgadas, os desfiles de moda, a escola de infância, os bailes e as festa da igreja....

12 - Santo de casa faz milagre? Como o público Alvinopolense recebe o seu trabalho.

Não. Adoro o pessoal de Alvinópolis e todos sempre me receberam muito bem. Inclusive, já fiz várias festas particulares para as pessoas e empresas da cidade:  BioExtratos, Loja dos Retalhos e também fui homenageada com o Troféu Mulheres Brilhantes. Fiquei muito feliz, mas foram festas para um público “selecionado”.  Festas abertas ao público, ao povo, nunca fui chamada. Faço Exposições, cavalgadas, carnaval e aniversário de várias cidades de minas. Inclusive, Rio Piracicaba e Dom Silvério, que são cidades vizinhas.

13 - Qual é a sua relação com Alvinópolis hoje?

Sempre tive uma afinidade muito grande, pois além de ter nascido em Alvinópolis, gosto sempre de estar lá, na minha casa, com meus amigos e familiares.  Hoje tenho mais saudades ainda quando lembro da minha mana Patrícia – sempre saíamos juntas para os bares, e ela conhecia todos.  Adorava. Estou sentindo muitas saudades, era uma mãezona para mim e  sempre dizia, desde criança, que eu já era artista.

14 – Você acha que Alvinópolis está perdendo sua tradição de cidade cultural, deixando de dar valor a vários eventos antes valorizados e que tinham excelente receptividade, como Festival, Exposição com cantores famosos, Congado e outros? Sim, mas temos que avaliar também antes de julgar, o que está levando a essa perda tão grande.  Existe o fator econômico, o administrativo e também a população, que  tem que lutar, participar e se conscientizar  para que isso não aconteça...

 15- Na sua opinião, como está o mercado musical atualmente? E a pirataria ?

Esta mudando cada vez mais rápido e não vai parar por aí. As oportunidades estão mais abertas através da globalização.  A pirataria não vai de deixar de existir – é o mundo moderno.

16 – Você acha que a internet influencia o seu trabalho?

Muito. Através do meu Site as pessoas podem conhecer melhor o meu trabalho, contratam shows, deixam opiniões, fazem observações  e pedidos. Deixam-nos sempre informados de qualquer situação.  É  democrática e aberta ao mundo.

17- Você andou fazendo um trabalho em conjunto com a BANDA BRASIL 70 SHOW, conte para nós como foi esta experiência ?

Foi uma turnê de apenas 03 dias, mas foi ótimo. Levam o trabalho a sério e são super profissionais. Acho que toda experiência é válida.

18-  A Mídia te coloca como uma cantora da elite , isso ajuda ou atrapalha ?

Nem um e nem outro. Quem conhece meu trabalho sabe quem eu sou e como me comporto nos meus shows e diante do meu público.  O meu repertório é bem variado e toco de tudo, dos clássicos internacionais e o fino da bossa, até o axé, pagode e sertanejo. Sei me adequar muito bem ao público que vou me apresentar.  Tanto é, que o CD que estou lançando é popular. Mas no final das contas, acho que a “elite” tem mais acesso à mídia e faz mas barulho.

19-  Temos um grande letrista em Alvinópolis, que é o Marcos Martino , já imaginou uma parceria ?

Talvez, um dia, quem sabe...

20 - Sabemos que você vem se apresentando nos grandes palcos do estado.

Quais foram os shows marcantes que você fez?

Grande público marcando presença.

São vários os shows marcantes. Posso citar, por exemplo, o churrascão São Pelágio do Clube 15 Veranistas – já é o sétimo ano - tem o  Show beneficente do Hospital da Baleia, o show da Fiat Automóveis (12 mil pessoas), festa junina do Minas II,  Reveillons no Cruzeiro, no Pic, Exposições e Cavalgadas em várias cidades de Minas, grandes festas empresariais e ainda shows no Rio, São Paulo e em Brasília. Na verdade, todos os shows são importantes e estar num palco é sempre emocionante e marcante.

21 - Você já gravou CD ou DVD? Quais os planos para o futuro?

Sim. O CD do Sesc  já está pronto,   junto com o DVD, gravado no Palácio das Artes, onde canto o Hino Nacional (queria dedicar a minha irmã Patrícia  esta faixa do CD, porque foi ela quem sempre me incentivou a  cantar o Hino Nacional).

O meu CD também está  em fase final (capa , prensagem, ...).  Está maravilhoso. O estilo é sertanejo popular, bem moderno. Foi feito com muita dedicação e carinho. Espero que o público agrade. Em breve, estarei trabalhando na divulgação e lançamento, onde devo estar fazendo vários shows, percorrendo cidades, rádios  e espero contar com o apoio de todos vocês.