ENTREVISTA ESPECIAL:

 DEPUTADO JOSÉ SANTANA DE VASCONCELLOS  

Representando Alvinópolis na política nacional.  

É com muita honra que o site ALVINEWS entrevista o Deputado José Santana de Vasconcellos, líder do Partido liberal em Minas Gerais e filho da nossa querida Alvinópolis. Seu currículo exemplar, sua trajetória na política, seu espírito de liderança e seu trabalho em prol da cidade, fazem de José Santana um dos alvinopolenses mais importantes de todos os tempos.Nesta entrevista, ele fala sobre os vários desafios para se vencer na política, o momento político atual e seu incondicional carinho com Alvinópolis. Pela primeira vez, Santana abre o coração e ensina muito para quem tem sede de aprender. 

Aqui ficam, mais uma vez, nossos sinceros agradecimentos.

 

  

1 – Como foi seu despertar para a política?

     Meu despertar para a política foi muito fácil. Certa ocasião, convocado pelos colegas de escola, pediram-me para encabeçar uma chapa como Presidente numa eleição do Grêmio Estudantil. Eleito duas vezes com uma votação expressiva. Na primeira vez, nós criamos um jornal, o colégio foi campeão nas olimpíadas em várias modalidades. Promovíamos excursões, criamos a campanha do livro didático, fazíamos festas, e uma série de iniciativas que despertavam o interesse dos estudantes para uma participação mais efetiva na vida do Grêmio e do Colégio.

Depois disso, num congresso estadual, fui eleito Presidente da União Colegial de Minas Gerais com 82% dos votos, onde tivemos uma atuação significativa, lutando em favor dos estudantes, participando de várias reuniões em quase todos os Estados. Era uma entidade muito respeitada pela seriedade com que lidava com os assuntos mais importantes para a nossa classe. Foi a primeira e única vez em que conseguimos organizar uma greve a nível estadual, contra o aumento abusivo do valor das mensalidades escolares. Foi por intermédio desse movimento, que conseguimos com o Governador Magalhães Pinto, a criação de cinco colégios estaduais anexos ao Colégio Central. Foi uma  época de muitas vitórias.  

 Após ser Presidente da União Colegial de Minas Gerais, eu pretendia terminar meus estudos, já estava no 3º ano clássico, e não quis ser candidato a presidente da União Brasileira dos Estudantes, mesmo sendo lançado por dezessete Estados brasileiros, num congresso nacional que estava sendo realizado no Rio Grande do Sul.

Não quis aceitar esse desafio, pois sempre combati a figura do “estudante profissional”, e naquela época eu já estava em meados do último ano de estudos do grau médio, achei que não poderia desempenhar bem essa minha função ficando apenas cinco meses na presidência da União Brasileira de Estudantes.

Voltando para Minas, fizemos o Congresso Estadual, elegemos uma nova Diretoria. Também por solicitação da maioria quase absoluta dos presentes, que eram delegados das cidades do interior, tive lançado mais uma vez meu nome, mas recusei com a mesma justificativa, indo cuidar dos meus estudos.

Nessa ocasião, fui convidado pelo Fernando Ferrari, que era Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul, para um encontro em Belo Horizonte. O Deputado me disse que desejava ser candidato a Vice-Presidente da República e queria contar com meu apoio, pois eu tinha uma liderança muito boa junto à classe estudantil. Eu respondi que desejava estudar e terminar meu curso e, se eu tivesse que participar de uma campanha o meu candidato a Presidente da República seria Juscelino Kubitschek, não só pelos laços de amizade que me uniam à ele e à família, mas também pelo que ele já havia feito a favor desse País. O slogan de sua campanha seria  “50 anos em 5” , tendo a agricultura como meta. E eu acreditava que ele poderia realmente fazer 50 anos em 5 no campo.

O Ferrari então disse: “que tal JK/Ferrari” ? É bom lembrar que, naquele tempo, havia a possibilidade de candidatura avulsa de Vice-Presidente, respondi que não haveria problema, desde que ele apoiasse a candidatura de Juscelino no sul do país. Eu teria o maior prazer em ajudá-lo. Infelizmente , o Deputado viria a falecer num desastre de avião logo em seguida.

Então, acabou não sendo organizado o partido do Movimento Trabalhista Renovador em Minas.

Depois, fui chamado pelo Dr. Júlio Soares, cunhado de Juscelino, para almoçar com ele na sua residência, pois desejava conversar comigo. No encontro, solicitou-me auxílio na organização de um movimento acima dos partidos políticos, porque seria votado por vários segmentos não só em Minas como no Brasil, e que já era o início da campanha JK 65. Isso aconteceu mais ou menos em 1963, depois do primeiro mandato do Presidente Juscelino. Então veio o movimento de 31 de março de 64, todos sabem, JK teve seu mandato cassado, nós acabamos apoiando Sebastião Paes de Almeida para o Governo do Estado.

Em seguida, o Sebastião foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral com a alegação de que ele não possuía domicílio no Estado, foi o maior crime eleitoral que conheço no Brasil. Ele era Deputado já com dois mandatos, e o Governo alegava que não tinha domicílio eleitoral em Minas.

Neste momento a Convenção Estadual do PSD indicou, por unanimidade, o nome de Israel Pinheiro para candidato a Governador. Faltavam poucos dias para a campanha, mas lançamos o nome de Israel Pinheiro e ele foi eleito Governador do Estado. Logo depois, ele me convidou para ser responsável por seu Gabinete e fomos para o Palácio da Liberdade, trabalhamos durante seu governo e, logo depois, começaram a surgir movimentos lançando meu nome para Deputado Estadual. Aceitei o desafio e, até hoje, estou na vida pública.

 

2 – Quais as lembranças que o Sr. tem de Alvinópolis da sua juventude?

R – Alvinópolis é daquelas cidades extraordinárias que a gente tem gravadas no coração. Nosso povo é diferente, dono de um otimismo muito grande e uma imensa alegria de viver. Quando muito pequeno, minha avó morava naquela casa que, hoje, é de hóspedes da fábrica de tecidos. E ali havia uma área grande, onde brincávamos com os parentes, primos e com os amigos que a gente fazia.

Na juventude, já rapaz, participava das festas, do futebol. Alvinópolis sempre foi uma cidade muito alegre, com festas extraordinárias, e um número bastante expressivo de pessoas que freqüentavam os grandes bailes. Isso sem contar a vaidade de dizer que Alvinópolis é a cidade que sempre teve as meninas mais bonitas da região. O povo de nossa cidade sempre foi muito hospitaleiro e essas lembranças são difíceis de esquecer. Mesmo depois de mudar-me de Alvinópolis, morando em outra cidade, costumava passar minhas férias em minha cidade natal

  

3 – O Sr. acha que a política é uma vocação?  

R – A pessoa nasce com essa vocação. Político não é só aquele que se filia a um Partido, não é aquela pessoa que participa de uma vida partidária. Política é uma coisa nata, pois em todos os segmentos da vida é necessário ter habilidade, prudência e vontade de fazer alguma coisa. Então eu penso que toda pessoa que tem uma vocação de liderança, em qualquer que seja sua atividade, já nasce com o dom para, depois, ir se aperfeiçoando, pois a vida é que nos ensina e na política jamais aprende-se tudo. Você é sempre um aprendiz. Eu mesmo,  tendo 40 anos de vida pública, ainda aprendo com as pessoas.

 4 – Qual a comparação que o Sr. faz entre os homens públicos de ontem e de hoje?

 R – A comparação que faço é que os valores hoje mudaram muito. É bem verdade que ainda temos muitas pessoas sérias e competentes, que têm ajudado o Brasil de uma maneira significativa. Em Minas, nós temos o Senador e hoje Vice-Presidente da República José Alencar, o Governador Aécio, que tem sido uma revelação na vida pública, e tantos outros que têm prestado relevantes serviços à nação, os quais não pretendo citar os nomes para não correr o risco de ser injusto com algum eventual esquecimento. Agora, os valores mudaram muito.

Mas nós temos, atualmente um exemplo de mudança positiva na política, concretizada na eleição do presidente Lula. Hoje ele passa, como sempre passou, por momentos difíceis. Esse pluripartidarismo desorganizado e inconseqüente, onde nós temos um número grande de partidos, e você necessita de uma maioria no Congresso Nacional para votar e aprovar aquilo que considera o melhor para o País, você necessita de muitas composições partidárias. E com isso, acaba fazendo essas composições com pessoas não muito recomendáveis, partidos não muito bem estruturados, tudo no sacrifício pela maioria no Congresso. Daí a maior necessidade de uma reforma política ampla, restringindo o número de partidos. Me lembro que nos tempos de Arena e MDB, cada partido indicava apenas 70 candidatos numa seleção pela seriedade e pelo voto.

O governo de hoje tem boas intenções. O Ministro da Fazenda vem trabalhando com muita seriedade, muito criticado, mas eu acho que nós não podemos voltar àquela inflação galopante que tínhamos no passado e creio que, a partir de agora, os juros vão cair, como é a luta do nosso Vice-Presidente José Alencar, e acredito que ainda temos condições de fazer um grande governo para o povo brasileiro.

5 – O Sr. teve algum problema com a ditadura militar? Como foi seu relacionamento com os interventores?

 R – No período militar, eu não tive problemas maiores, pois jamais participei de facções de esquerda ou de direita em minha vida estudantil, sempre buscando a solução dos problemas da classe pelo consenso e negociação. Tinha posições firmes, sim, em determinados assuntos. E em muitos deles, tinha uma visão mais avançada do que o próprio pessoal de esquerda que faziam muita demagogia, mas, na hora de concretizar, infelizmente não tomavam posições mais decididas.Certa feita fui chamado para prestar esclarecimentos, mas o que eles desejavam mesmo era que eu delatasse alguém, ou o comportamento de alguém. Mas o movimento estudantil de grau médio de Minas Gerais sempre foi efetuado com muita grandeza, nunca foi vítima de radicalismos, sempre lutando com muito respeito.

 

 6 – Quais os exemplos que o Sr. daria de políticos exemplares?  

R – A vida pública é feita com muita seriedade,  com muita prudência, com muito equilíbrio. O radical não vai a lugar algum. Ele pode criar um sensacionalismo de  momento mas não chega a se perpetuar. O melhor exemplo vem dos grandes políticos do passado, que com seriedade e vontade de servir a Minas e ao Brasil prestaram relevantes serviços à pátria. Esses devem ser seguidos. Eu mesmo, nunca em minha vida fiz demagogia ou populismo. Não tenho estilo para isso. Devemos sempre ser sinceros, falar que pode ou que não pode. Creio que, hoje, o “não” é uma solução do problema. Se você não tem condições de atender, você tem que dizer isso e dar as razões.  É muito melhor você ser honesto e sincero com seu eleitor do que ficar tapeando e fazendo demagogia.

   

 7 – Com quais políticos conseguiu desenvolver uma boa amizade e parceria?

R – Poderia citar o próprio Presidente Juscelino Kubitschek, com quem trabalhei durante sua campanha à eleição de 1965, viajando juntos por vários rincões do Brasil. O Governador Israel Pinheiro, com quem trabalhei lado a lado nos palácios dos Despachos e da Liberdade, foi uma grande escola. O Senador Murilo Badaró, Homero Santos, Jairo Magalhães, Geraldo Freire, Aécio Cunha, pai do atual Governador Aécio, Tancredo Neves, Benedito Valadares, Ovídio de Abreu, Capanema, Magalhães Pinto, Bias Fortes, Pedro Vidigal, Paulo Pinheiro Chagas, Pio Canêdo, Ozanan Coelho, Bilac Pinto, Pedro Aleixo, Milton Campos, Arthur Bernardes Filho, enfim, todos os grandes políticos mineiros.

        Tenho o dever de citar nomes de quatro grandes governadores de Minas. Rondon Pacheco que, dando continuidade ao trabalho de Israel Pinheiro, implantando infra-estrutura no Estado, levando eletrificação rural para todo o nordeste de Minas e a vinda da Fiat para o Brasil e para nosso Estado.

Minha relação com o Governador Hélio Garcia vinha antes até de sua eleição para o Palácio da Liberdade. Ele havia deixado a vida pública, estava voltado para suas atividades empresariais em Belo Horizonte, enquanto eu já exercia o mandato de Deputado Estadual. Nossa amizade solidificou-se nesse período, quando nos encontrávamos todas as tardes para longas conversas. Posteriormente, quando ele decidiu candidatar-se novamente, desta vez para Deputado Federal, apoiei sua candidatura, votando também quando veio à Vice Governador e Governador. Dele, trago a lembrança de um líder articulado, respeitado por políticos das mais diversas correntes, que muito ajudou a Tancredo Neves.

Também tive a honra de conviver com Francelino Pereira, pois fomos votados juntos ele Deputado Federal e eu Estadual, em muitas cidades do nordeste de Minas. Aquele grande político deu continuidade à obra da estrada de Rio Piracicaba a Alvinópolis, iniciada por Ozanan Coelho.

Outro grande nome com quem convivi foi Aureliano Chaves. Eu o conheci ainda quando fui Presidente da União Colegial de Minas Gerais e posso dizer que ele sempre esteve ao nosso lado. Um excelente Governador, vice Presidente da República, sempre independente e capaz, dinâmico e competente. Devido a suas discordâncias com o presidente militar da época, num ato de coragem Aureliano desligou-se do partido do governo e criou a Frente Liberal, ato do qual fui o primeiro apoiador filiando-me em seguida.

Seria uma imensa injustiça histórica se não citasse minha convivência com esses grandes homens públicos, como Crispim Jaques Bias Fortes, que governou Minas antes de Magalhães Pinto, que teve o filho votado em Alvinópolis, Biazinho.

São homens que devemos seguir os exemplos de grandeza, que exerceram a vida pública com seriedade e respeito pela democracia. Também tenho as melhores recordações de Clóvis Salgado, vice Governador e Ministro da Educação que também demonstrou toda sua competência.

São exemplos de homens públicos sérios que tivemos em Minas Gerais, equilibrados, competentes, afirmativos, principal demonstração do que é o bom político de Minas Gerais.

Quando digo que os valores políticos mudaram, é justamente pela lembrança de minha convivência com esses grandes nomes, verdadeira expressão da palavra homem público.

Tive em minha vida uma coisa que considero importante: eu soube fazer amigos. Soube respeitar todas as pessoas. Nunca agredi um cidadão. Posso ser contra o que ele defende, posso discordar das idéias, mas nunca agredi a moral ou a dignidade de um ser humano. 

 

8 – O Sr. chegou a conviver com políticos como Tancredo, Dr. Ulysses, Brizola, Juscelino? Pode nos contar alguns casos dessa sua convivência com os principais nomes da política nacional?  

R – Tancredo Neves, para mim, era daqueles políticos equilibrados, sérios, dono de uma cultura extraordinária. Um grande orador. Foi um político que dedicou toda a sua vida para fazer política com seriedade e competência. Hoje, infelizmente, existem muitos políticos que não têm essa vocação, entrando para a vida pública para representar os interesses de determinados grupos ou para resolver seus próprios problemas. Tancredo era um estadista. Ulysses Guimarães também era um homem equilibrado, ambos pertenceram aos quadros do antigo PSD, juntamente com Juscelino, Auro Moura Andrade e tantos outros, que deram exemplos para o Brasil. Infelizmente, hoje são poucos com os quais podemos comparar a seriedade, grandeza e vontade de servir desses políticos do passado.  

Muitas vezes discordei das posições defendidas por Brizola. Mas, eu o admirava pela sua firmeza e suas ações sempre coerentes com aquilo em que acreditava e defendia. Muitas vezes, estávamos em campos opostos, mas eu sempre o respeitei e o considerei um político muito coerente, orador extraordinário e carismático.  

Juscelino Kubitschek  foi uma das maiores revelações da política brasileira. Foi um homem que impulsionou a indústria nacional de forma significativa. Antes dele, importávamos até mesmo os botões de nossas camisas, nada produzíamos. E, hoje, temos aí um exemplo para o mundo, tudo o que o Brasil produz o faz com uma tecnologia moderna e eficiente, devemos ao impulso criador desse verdadeiro estadista, assim como devemos a Getúlio Vargas que, olhando à frente de seu tempo, implementou a siderurgia em nosso País, além de lutar a favor do trabalhador nacional, criando a aposentadoria por tempo de serviço, as férias, o 13º salário, o FGTS,  e tantas outras conquistas que perduram até hoje e resguardam a todos os que trabalham.

Aprendi muito com todos eles. E eu me lembro muito do Dr. Júlio Soares, que era um médico extraordinário,  que nos ajudou muito a levar a energia elétrica definitiva para Alvinópolis, quando Nilo Gomes Vieira era Prefeito. A chegada da energia não custou nada para a prefeitura municipal porque o Dr. Júlio nos ajudou. Naquela época, Dr. Júlio recebia a visita do Governador Benedito Valadares todas as noites para juntos tomarem chá. Vê-se que Dr. Júlio era um homem influente, casado com dona Naná, irmã de Juscelino, que ainda era estudante de medicina na época.  

Então, quando vencemos a eleição com o Dr. Israel Pinheiro e eu estava indo trabalhar no Palácio, Dr. Júlio disse-me coisas que guardo ainda hoje, algumas das quais devo citar. Falou-me que o poder é muito importante, mas é tão bom que passa depressa. Quando a gente chegar já deve começar a arrumar a gaveta prá sair. E a única coisa que se leva disso são as amizades que se faz, é o que você pode servir e ajudar a uma cidade, a uma região. Outra lição importante foi a que você nunca pode dizer que está em uma “reunião”, como desculpa para não atender a uma pessoa. Mesmo quando estiver cansado, ser atento e cordial e fazer com as pessoas aquilo que você gostaria que fizessem com você.       Foram conselhos como esses que recebi na ocasião em que fui para o Palácio. Eu era muito novo e, engraçado, até hoje, depois de 40 anos de vida pública, eu lembro do Dr. Júlio quase todos os dias, com aqueles ensinamentos e palavras de amizade e de carinho, que me transmitiam a experiência que ele tinha.   

 

9 – O Sr. foi Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Como foi essa experiência?

 R – Foi uma grande escola que tive. Um momento difícil, pois vivíamos sob o Ato Institucional nº 5. Mesmo assim foi um período de muito trabalho. Nós criamos uma estrutura muito grande para os Deputados, pois a Assembléia não tinha condições de atender aos parlamentares. Nós criamos. Demos condições de trabalho para que a pessoa pudesse representar com grandeza o povo de Minas Gerais naquela Casa Legislativa. Foi, sim, uma grande experiência de vida. Antes de ser Presidente da Casa, fui Presidente de várias Comissões Técnicas. Tive uma atuação muito significativa. Naquela época o Centro de Cronistas Políticos escolhia os 10 melhores Deputados na Assembléia, avaliando o trabalho, as intervenções na Tribuna, o que, no meu entendimento, não chega a ser tão justo pois todos são bons e trabalham bem. Mas dentro desse quadro, durante todo o período legislativo eu recebi o diploma de melhor Deputado, e eles hoje estão lá, em meu Escritório em Belo Horizonte. Depois, acabaram com esse tipo de escolha. Mas em todos os períodos em que fui Deputado Estadual, recebi esse Diploma. 

 

 

 10 – Como vem sendo a experiência de presidir em Minas um partido como o PL, que tem como principal figura nacional o atual Vice-Presidente da república, José Alencar, que diga-se de passagem, não se cansa de elogiá-lo?  

R – Presidir o Partido em Minas é muito honroso, principalmente tendo como figura maior o nosso Vice-Presidente da República, José Alencar, com quem  tenho uma convivência muito grande. Recebemos o Partido muito pequeno e, hoje, somos o terceiro partido, se for contar prefeitos, vereadores e coligações vitoriosas,  o quarto partido que mais elegeu prefeitos em Minas. Mas acho que agora está se aproximando a hora de considerar minha missão encerrada. Cumpri aquilo que prometi ao José Alencar, ao Clésio Andrade e aos parlamentares. Nós crescemos de uma maneira significativa, mas eu quero ver se me desligo disso agora, para focar meu trabalho em minhas cidades. Minha base é muito grande e localizada no interior, então não tenho como ficar fixo em Belo Horizonte, fazendo acordo, composição partidária, montando chapas para Deputado Federal e Deputado Estadual. É necessário que o Presidente fique mais em Belo Horizonte, faça sua política mais centrada na cidade. Estou pensando que,  dentro de pouco tempo, teremos condição de passar o bastão para essa pessoa que, tenho certeza, haverá de, com a mesma competência ou melhor ainda, trabalhar para o crescimento de nosso Partido.

 

11 – Deputado, com a lei de responsabilidade fiscal e a falta de verbas, o Sr. acha que a vida de prefeito de cidades pequenas ficou mais difícil?  

R – Isso depende muito da competência do administrador. O tamanho da cidade não importa, quando o Prefeito é competente e sério. Em cidades de pequeno porte os problemas também são menores. Depende de um bom planejamento e o uso dos recursos adequadamente. As prefeituras que não andam bem, são aquelas que muitas vezes incham a sua administração sem necessidade, usando mal os recursos que poderiam ser melhores aproveitados na saúde, educação etc.   Veja o Governador do Estado. Recebeu o Estado quebrado, pôs a casa em dia, e, hoje, já está fazendo um mundo de obras em benefício de Minas. Eletrificação, asfalto para todas as cidades de Minas Gerais que ainda não o tem, essa “linha verde” que vai criar uma estrutura extraordinária na Grande BH, a exposição agropecuária, que foi um sucesso indiscutível para mostrar o que o agronegócio produz em Minas. Enfim, quando a pessoa tem vontade política e é sério, as coisas acontecem e se resolvem. Depende de vontade política.

 12 – O Sr. acha que parcerias com a iniciativa privada seriam a solução para o crescimento dessas cidades?

 R – Não tenho a menor dúvida disso. Diante de um Estado cada vez mais exigido, muitas de suas funções primordiais terminam não sendo cumpridas, ou o são de modo ineficiente. A iniciativa privada pode, sim, assumir determinados papéis, sem, claro, deixar de estar sujeita à fiscalização e controle do Estado.

13 – O que seria, na opinião do Deputado, um bom prefeito nos dias de hoje?  

R – É aquele que organiza a casa, que faz um planejamento sério, que vê as necessidades fundamentais de uma cidade e, diante disso, faça e execute um planejamento global. Prefeito que faz demagogia, prometendo coisa que não possa cumprir, é um Prefeito ultrapassado. O Prefeito de hoje deve ser moderno e prático. Deve fazer um choque de gestão, para fazer uma grande administração, não para “quebrar galhos” de pessoas aqui e ali,  mas criar uma infra-estrutura capaz de desenvolver as cidades. 

 

14 – Como o Sr. se posiciona com relação a alguns temas polêmicos que estão tramitando no congresso como: Reforma Tributária, Reforma Política, a união civil de pessoas do mesmo sexo, o aborto, a discriminalização da maconha e a pena de morte?

 R – A Reforma Tributária já deveria ter sido votada. A Reforma Política é uma necessidade. Não podemos continuar vivendo com um pluri-partidarismo mentiroso e falso como esse que nós conhecemos. Temos mais de 50 partidos políticos funcionando no Brasil. Creio que nós temos que ter partido políticos sérios. Tenho a tese de que, para que um partido pudesse ter os benefícios da Lei, ele deveria ter representação em, no mínimo, 51 por cento dos Estados brasileiros. Só com essa medida, nós passaríamos a ter 3 ou 4 partidos. O País necessita de uma grande vontade política, unindo oposição e base de sustentação do Governo para fazerem uma grande reforma, até para evitar uma série de excessos e elementos que nunca deveriam estar na vida pública não entrando para partidos menores, com votações inexpressivas. Quanto ao aborto, a legislação brasileira já indica caminhos sólidos nos quais ele pode acontecer, e essas conquistas devem ser preservadas. A questão do tóxico nos leva à Lei de Entorpecentes, que foi votada e aprovada pelo Congresso Nacional, e que indica com muita clareza a diferença entre o usuário e o traficante. Este, por sinal,  deve ser combatido sem tréguas. Mas não o traficante de morro,  aquele de bermuda que fica nas ruelas. Devemos combater o que mora em apartamentos “triplex”, é o sujeito que muitas vezes nem sequer mora no Brasil e usa nossa população mais carente para distribuição daquilo que aniquila com a sociedade e com a família.  A pena de morte não resolve o problema. Nós temos é que melhorar a segurança pública, o problema mais sério e grave de nossos tempos. O Estado deve levar tranqüilidade para todos os lares brasileiros e mineiros, com policiamento sério, bem remunerado e capaz de dar a efetiva segurança, garantida por nossa Constituição.

 

15 – Sabemos que o Sr. hoje é majoritário em várias regiões de Minas. Poderia citar algumas cidades em que é votado?

 R – Por exemplo, aí na região poderia citar Rio Piracicaba, Dom Silvério, Rio Doce, São Domingos do Prata, Guaraciaba, Amparo do Serra, Santa Cruz do Escalvado, João Monlevade, Bela Vista de Minas, São Gonçalo do Rio Abaixo, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Barra Longa, Mariana, Ponte Nova, Bom Jesus do Amparo, Itabira, Nova União, Sabará, Belo Horizonte onde tenho uma votação muito expressiva, e tenho também uma grande votação no nordeste mineiro, onde morei. Mais especificamente em Pedra Azul, Almenara, Salto da Divisa, Santo Antônio do Jacinto, Jacinto, Rubim, Carlos Chagas, Águas Formosas, Machacalis, Fronteira dos Vales, Itambacuri, Campanário, Bocaiúva, Riacho dos Machados, Capitão Enéias, Cristália, Várzea da Palma, Pirapora, Buriziteiro, Cláudio, Baldim, Pompéu, Camanducaia, Cambuí, Caraí, Catuji, Curvelo, Divisópolis, Mata Verde, Guaraciama, Itaipé, Mato Verde, Novo Cruzeiro, Passa Tempo, Rio Pomba, Jeceaba, Três Marias, enfim, são muitas as cidades e, agora, a região de Unaí, onde fui homenageado de um modo que me deixou muito sensibilizado. Naquela ocasião havia mais de mil lideranças, dos distritos, dos povoados, e das cidades vizinhas a Unaí, no lançamento de meu nome como representante daquela região no Congresso Nacional. Isso tudo nos sensibiliza, porque vê o reconhecimento do povo.

 É o mesmo reconhecimento que Alvinópolis tem comigo. Nunca deixei de ter uma votação significativa em minha cidade natal e, disso, tenho muito orgulho. Inclusive, há algum tempo, um morador antigo me disse que tem guardado em sua casa uma relação de todas as obras que fizemos em Alvinópolis, desde o primeiro degrau com Nilo Gomes Vieira, passando por Marinho de Azevedo Cota, Vicente Rocha, o Dr. Mário França, Dico, Marcinho, todos exemplos de grandes administrações, enfim, um trabalho contínuo que nos permitiu levar muitas obras para nosso município. Disso a gente tem que ter orgulho. Existe um ditado que diz que se você quer conhecer a pessoa, veja como ele vai na terra dele.

Então, graças a Deus nesses 40 anos de vida pública sempre tive uma significativa votação em Alvinópolis.

 

 

16 – Como político influente que sempre foi, o Sr. sempre conseguiu trazer grandes benefícios para Alvinópolis. O Sr. acha que os alvinopolenses reconhecem seu valor?  

R – Eu nunca faltei a Alvinópolis. Em todos os meus mandatos sempre fui o Deputado majoritário, com expressiva votação. Eu tenho a honra, eu tenho orgulho de dizer que nenhuma grande obra em Alvinópolis foi feita sem que houvesse o nosso trabalho. Agora, só para dar um exemplo, nesses últimos 14 meses da administração do Marcinho, nós conseguimos levar 16 obras significativas para nossa querida cidade.  Eu sempre lutei por Alvinópolis.

      Pelo asfalto, pela inclusão no DDD, que não tinha, pela escola que não existia, pelo Ginásio / Escola Técnica e pela escola normal, e uma série de outras grandes obras, que nós fizemos, das quais muito me orgulho.  Sempre fui muito bem recebido com muito carinho e respeito pelos moradores da nossa cidade.

 17 – Sabemos que a atual administração municipal é de um partido adversário do Sr. e trabalha com deputados que também são seus adversários. No entanto o Sr. continua tendo uma relação muito afetuosa com a cidade. Os Alvinopolenses podem continuar contando com o Sr.?  

R – Não vejo nenhum problema. Tem a hora de servir a nossa cidade e a hora de fazer oposição. Eu estou pronto a colaborar. Logo depois da posse da nova administração, nós já estamos inaugurando a primeira de duas pontes que vão ser feitas, garanti recursos no Orçamento para um Posto de Saúde no Fonseca, dependendo apenas do Prefeito atual montar processo para liberação. Eu acho que o Fonseca merece. Nós temos que respeitar o povo do Fonseca, vamos ajudar. Se ele tiver interesse, no que diz respeito a essas verbas já liberadas, ajudando a fazer as obras, eu vou continuar trabalhando com o mesmo amor, ajudando a nossa querida cidade de Alvinópolis. Eu tenho meu grupo político, que é um grupo sério, formado por pessoas idôneas e que amam a nossa cidade, mas isso não implica em deixar de ajudar o município quando há um prefeito que não pertence ao mesmo grupo. Alvinópolis está acima dos interesses partidários. Nós temos que pensar grande. Temos que pensar na nossa cidade, temos que pensar em continuar ajudando a fazer com que Alvinópolis seja a cidade que todos desejamos.Eu nunca falhei, nem vou falhar com Alvinópolis.

Agora, para fazer determinadas obras na cidade, eu preciso que o prefeito também tenha boa vontade, claro. 

 18 – O Sr. acha possível uma união dos políticos comprometidos com a cidade para discutir o desenvolvimento local ou as desavenças políticas são realmente entraves a qualquer entendimento?  

R – Acho que não existe nenhum problema nessa união. Só que muita reunião não leva à nada. Conheço vários políticos que sempre foram votados em Alvinópolis e nunca ajudaram o município. Mas eu estou disposto, se quiserem fazer uma reunião para discutir o desenvolvimento local, não vou me recusar. Ainda mais porque, comigo, não existem desavenças. Não tenho desafetos, tenho, sim, concorrentes. Eu sou de um grupo político em Alvinópolis, existem outros grupos. Respeito todos. Mas, na hora de servir à nossa terra, nós devíamos deixar de lado as rixas políticas.  

19 – Como o Sr. vê o novo momento político de Alvinópolis?  

R – Eu acho que Alvinópolis tem tudo para continuar crescendo. Creio que estamos vivendo um período muito difícil, juros muito altos. Mas as coisas estão caminhando bem, acho que vamos conquistar uma estabilidade política e econômica no Brasil, e com isso quem ganha é o município. Agora, se nós considerarmos nossa cidade, que não é grande, vemos que a infra-estrutura é muito boa em termos industriais. Nós temos uma fábrica de tecidos que há anos vem funcionando e gerando um número significativo de empregos, sempre servindo à nossa região. Mesmo nos momentos difíceis a fábrica continuou funcionando, com a luta de seus diretores e funcionários.

        Temos também outras fábricas como, por exemplo, a Bio-Extratos. É uma empresa arrojada e eficiente, à qual não tive ainda a oportunidade de conhecer. Assim como, infelizmente, não tive o prazer de conhecer pessoalmente o seu proprietário, senhor Lindouro. Eu sei que ele e sua esposa formam uma dupla extraordinária e trabalham para crescer e desenvolver sua fábrica, dando oportunidade para a mão-de-obra da região, gerando mais emprego e renda. Um casal que veio de fora, acreditando na força de nossa cidade, criando novas empresas no município, merece ser aplaudido. Temos que respeitar essas pessoas que investem em Alvinópolis, que investem em Minas Gerais.

Mas nós temos mais. Temos a Lipibrilha, temos a Perfital, temos a fábrica de móveis do Grupo Azevedo, temos a Cooperativa que atende a uma bacia leiteira significativa, com mais de 50 mil litros/dia, o que é uma coisa extraordinária, pois ajuda ao pequeno, médio e grande produtor a industrializar sua produção. Temos também a fábrica de produtos alimentícios Sô Paiva, enfim, temos muitas outras empresas, como a Cenibra, que atua intensamente no Distrito do Fonseca, com um número grande de empresas terceirizadas gerando empregos num momento em que o desemprego preocupa no Brasil. Nós temos Alvinópolis, uma cidade que não é grande, mas tem uma infra-estrutura boa graças ao esforço dessas pessoas que, com trabalho,  perseverança e coragem, estão construindo nossa cidade. 

 

20 – Hoje estamos assistindo a uma grande expansão na questão do ensino superior no Brasil.A maioria das cidades está se mobilizando para ter sua própria faculdade. Já não está na hora de sonharmos com a criação de uma Faculdade? Existem caminhos a serem seguidos para conseguir apoio do governo ou mesmo da iniciativa privada?  

R – Creio ser possível instalar alguns cursos superiores na cidade, até mesmo uma faculdade. Nós não teríamos muita dificuldade, bastando vontade política para isso ser realizado e, aí,  depende muito também da Prefeitura Municipal.Para se ter uma idéia da importância do comprometimento do prefeito com esse tipo de causa, recentemente fui informado pelo prefeito Nozinho, de São Gonçalo do Rio Abaixo, que a cidade estará recebendo 3 cursos superiores em breve. Veja, São Gonçalo é uma cidade muito menor que Alvinópolis, mas, diante da atuação da prefeitura municipal, teve sucesso.

 

21 – Com o advento da Estrada Real, várias cidades estão investindo no turismo. Essa seria uma boa opção para Alvinópolis? Teríamos atrativos para atrair uma demanda turística? Temos importância histórica para tanto?

R – Alvinópolis tem vários atrativos. Hoje, inclusive, o turismo tem sido muito mais rural do que urbano. O ritmo frenético do dia-a-dia tem levado mais e mais pessoas a buscar a calma do interior. E essa Estrada Real foi um achado. O Governador Aécio teve uma visão extraordinária. A Estrada ainda é embrionária, mas as coisas estão acontecendo. Vemos em algumas regiões o entusiasmo refletido no aumento dos hotéis-fazenda com a publicidade começando a funcionar. 

Sem dúvida, Alvinópolis tem tudo para se inserir nesse novo contexto. Mas é preciso planejamento. Eu estou disposto a, se as lideranças da cidade desejarem, fazer uma grande reunião na cidade. Eu levo o Secretário Estadual de Turismo, levo representantes de outros segmentos para uma reunião, para podermos pensar um programa, uma linha de atuação capaz de indicar o que seria melhor para Alvinópolis no que diz respeito ao Turismo. Eu penso que toda iniciativa de sucesso deve ter um começo bem feito. Então não adianta dizer “vamos trazer o turismo para Alvinópolis”. Vamos fazer uma reunião, vamos fazer um estudo. Se o Prefeito quiser, eu estou disposto a ajudar e tenho como fazer com que isso aconteça, inclusive colocando recursos no Orçamento da União para divulgação do turismo na nossa cidade, como já coloquei neste ano, a pedido do Prefeito de Barra Longa, para que seja feita uma grande divulgação do que produz e do que é aquela cidade.

 

 

22 – Quais seus planos para o futuro?  

Depois de tantos anos de vida pública, 9 mandatos, disputo mais uma eleição, com certeza. Não sei se posso dizer que esse ou o próximo será o último mandato, mas eu acho que já fiz muito, já pude ajudar muito.

O que eu desejo é continuar servindo ao País, a Minas e a Alvinópolis. 

 23 – Qual mensagem o Sr. deixaria para a população de Alvinópolis?  

R – A mensagem que eu deixo é simples: Nunca faltarei à minha cidade. Certa feita até uma pessoa me disse “Santana, você é bobo. Alvinópolis é muito pequena, você pode ter muito voto lá, mas é pequena. Se você pegasse as obras todas que levou para Alvinópolis e distribuísse em outras cidades, ia ter uma votação estrondosa”. Eu respondi que o voto, para mim, é uma conseqüência de trabalho, o importante é servir à cidade em que você nasceu e ama. E a minha afinidade com o povo de Alvinópolis é maior que tudo. Veja você que o Deputado Estadual que nós apoiamos foi o mais votado na cidade com um terço da minha votação. Veja que minha votação na cidade extrapola o partido ou grupo que represento. Os moradores de Alvinópolis sabem reconhecer o trabalho que a gente faz em favor da cidade. E eu vou continuar trabalhando. Mas eu preciso que a prefeitura municipal nos ajude a ajudar a cidade. Pois muitas das obras que você pode liberar para a cidade, depende muito da atuação do prefeito. Não quero nenhum compromisso do prefeito comigo em nível eleitoral, pois ele tem o grupo dele e eu tenho o meu. Mas nós temos que ter grandeza, temos que pensar que Alvinópolis está acima de qualquer interesse pessoal ou partidário.

 

 

Mais informações e contato : www.deputadojosesantana.com.br  

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