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Foi com enorme prazer que o Alvinews entrevistou
o
Dr. José Sylvio Vieira Gomes,
médico que nos fala
um pouco sobre sua história em Alvinópolis,
saúde
pública, dicas de qualidade de vida, sobre os
tempos da bossa nova e casos da terra.
Ele fez também um estudo que
mostra a
Visão panorâmica
da Saúde no Município de Alvinópolis,
intitulado “Da
pajelança a medicina baseada em evidências” , um
estudo sobre Geriatria,
dicas de combate a
velhice e um artigo sobre a Medicina Atual.
Ficam aqui
registrados os nossos sinceros agradecimentos
e os parabéns
pelo belo exemplo pessoal e profissional.
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1 - Você é ligado a Alvinópolis pelos seus
antepassados. Como vê a historia deles?
Não cheguei a conhecer meu avô paterno, José
Cândido Gomes, um educador nato, nome do Colégio
local, veio de São Bartolomeu (Ouro Preto) nem
minha avó paterna, Maria Angélica Gomes.
Minha
avó materna, Inácia Vieira Marques também era
Professora, meu avô materno, Pedro Gomes
Domingues, Dentista prático, ambos vieram de São
Domingos do Prata. Morei alguns anos com eles,
na mesma casa onde nasci, defronte o Grupo
Escolar Bias Fortes.
Meu pai, que fundou a
Escola Técnica de Comércio Cândido Gomes com
dificuldades enormes, felizmente teve apoio de
Professores que trabalhavam sem remuneração para
tornar possível o funcionamento da Escola. Ele
amava nossa terra incondicionalmente. Minha
mãe, Stella Vieira Gomes, também Professora.
As
informações históricas sobre as gerações
anteriores e a colonização de Alvinópolis de que
disponho foram pesquisadas por meu pai ao longo
dos anos, e se acham disponíveis na Edição
Especial do Alvinópolis em revista, editada em
1982, após a morte de papai. Meu pai foi
político por toda vida, mas não conseguiu
eleger-se Prefeito. Por muitos anos teve jornal
em Alvinópolis, foi Diretor da Corporação
Musical Santo Antônio também por muito tempo.
Aposentou-se como Secretário da Prefeitura
local.
2 – Como era Alvinópolis nos seus tempos de
criança e adolescência?
O que mais lhe marcou?
Era uma cidade bastante pobre, sem rede de
esgotos, quase todas as casas usavam fossas, em
muitas ruas esgoto corria a céu aberto, não
havia captação de água suficiente, muitas
famílias se utilizavam de água de minas.
A
energia elétrica era muito precária, vinha de
sobras das usinas da FABRIL. Às 22 horas havia
troca das usinas e um apagão de alguns minutos
que era a alegria dos namorados.
Não havia
hospital até 1940, e mesmo depois da sua
instalação as mulheres só tinham partos em casa,
com as famosas e saudosas parteiras. Muitas
mortes maternas no parto, mortalidade infantil
elevadíssima, seus enterros eram conhecidos como
“enterro de anjinhos”. Muita criança desnutrida,
com carências alimentares diversas. Muita
verminose, a esquistossomose matou muitos e
deixou muitas seqüelas. Quase todos os partos
eram em casa, feitos pelas Parteiras de saudosa
memória.
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A única fotografia existente
da saudosa parteira Dona
Maria Procópia, ao centro e
já bem idosa |
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Dois grupos escolares, as primeiras e
as outras professoras, os porteiros escolares
e outros funcionários que tanto povoaram nossa
infância, como Zé Rodrigues, Dona Alódia
Correia, Juventino Valamiel (segundo grau só a
partir da década de 50).
A Escola de Futebol do
Sr. Orlando Lima, o Lambari, é uma lembrança
fantástica, tirava muita criança da rua e de
vícios, era uma escola de vida, e onde várias
gerações pegaram apelidos que perduram até hoje,
funcionou por muitos anos voluntariamente, sem
ajuda financeira ou pagamento de ninguém. Toda
minha geração tem enorme gratidão por Orlando
Lima. Além de técnico de futebol era um bom
jogador de damas, ensinava com paciência muita
gente, principalmente jovens, a jogar damas.
Os
castelos de fogos de artifício do Sr. Landulfo
Linhares Perdigão também marcaram nossa
infância, eram eventos maravilhosos e criativos
montados principalmente na Praça São Sebastião,
onde só havia o gramado e algumas árvores.
Três
cinemas funcionavam na cidade, alguns grupos de
teatro se apresentavam com freqüência, as horas
dançantes no Industrial , os bailes do mesmo, do
Alvinopolense e do Original animavam as noites,
pois nada havia de televisão, esta só na década
de 60. Os meses de Maria (Maio) muito
concorridos e onde se começavam muitos namoros.
O Congado que era um espetáculo impressionante,
que muito me marcou.
A bolacha de canela da
Padaria do Modesto, a sopa de pão que Zé Pelanca
e Deuzinho serviam no Bar do Darci, as balas de
coco queimado “Confiança” da loja do Ernesto de
Souza, o sorvete de ameixa da Charutaria de Zé
Rodrigues, os canudos de Deco Broeiro, as broas
de melado vendidas à beira do campo do
Alvinopolense, tantos sabores maravilhosos que
deveriam ser resgatados mesmo na memória da
nossa geração.
Os carnavais de clube e de rua,
com o perfume inesquecível do lança-perfumes da
Rhodia.
As serenatas, costume maravilhoso que
começou a desaparecer depois da revolução de
1964. A Ditadura Militar acabou com um costume
tão lindo de nossa gente e de grande parte do
Brasil.
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Na primeira foto,
um dos
melhores Juvenis do AFC, treinado por
Totó de Juca Nanato. O rosto do Didinho
foi apagado por sua mãe, depois de sua
morte em acidente. Presentes aí - Zé de
Melo, Guela, Catatau, Rafael, eu, Ênio,
Toni, Didinho e Hélio de Euclides, que
hoje mora em New Jersei, é cidadão
ameicano.
A Corporação Musical Santo Antônio, sempre
presente em todas festas.
Na foto abaixo em 1940. |
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A Beneficência Popular, onde estudei
datilografia, a Escola Agrícola do Sr. Luiz Kuhembecker (não tenho certeza da grafia).
Nossa
ligação com o mundo era através das estações de
radio principalmente do Rio de Janeiro, que
chegavam até aqui com sinal muito forte. Também
a revolução acabou com as estações de muita
potência e cobertura nacional, incentivando as
FM que têm alcance muito menor.
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Primeira comunhão, fotografia
feita defronte a Capela de Santo
Antônio, demolida poucos anos
depois, não se tem nenhuma
fotografia da mesma. Em 1948.
Professora Dona Diva. Eu sou o
quinto,
da esquerda para a
direita, na fila da frente |
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Sem telefone, o
Dr. Antônio Caetano Machado prestou grande
serviço como rádio-amador, que exerceu por
muitos anos.
Na década de 50 era muito comum a
utilização de táxis aéreos para Belo Horizonte,
pois as passagens eram baratas, e curto o tempo
de vôo. Outra opção seria a Estrada de Ferro
Vitória-Minas, a gente saía daqui bem cedinho de
jardineira (antigos ônibus), tomava café no Bar
do Cornélio Figueiredo em Padre Pinto, pegava o
trem em Rio Piracicaba e chegava às 19 ou 20
horas a Belo Horizonte, todo cheio de fuligem da
Maria Fumaça...Por ônibus só passando por Barra
Longa, Ponte Nova, Ouro Preto, era outra
aventura. Valia nesta longa viagem o bom humor
inesquecível de Zé Carvalho, motorista do ônibus
por muitos anos e que deixou muita saudade. Em
tempo de chuva (e chovia muito) nem pensar, só
se saia daqui de carro de boi ou a cavalo ou a
pé. Lembrem-se que o asfalto para Rio Piracicaba
foi inaugurado em 1982.
O Bar de sinuca do Nico
Dario, sede de memoráveis domingos e noitadas de
sinuca e bilhar (ao fundo funcionava o carteado,
mas a gente nova não tinha acesso). As brigas de
fim de semana, entre os brigões citam-se Zeca do
Correio, Cháu (Schall), Antônio Neves, Zé
Rezende de Oliveira, Bodão e Anecleto, que
costumavam acabar com alguns bailes. As
comunhões das primeiras sextas feiras, de
Monsenhor Rafael E aquelas outras coisas da
infância, que nos fizeram ser o que somos.
Algum
escritor deveria tentar recuperar nossa
história, que vai ficando perdida por não termos
costume de cultivá-la.
E os amigos e colegas de infância, muitos
felizmente amigos até hoje. E sempre o passar
do tempo marcado pelos apitos da Fabril e pelos
sinos da Matriz.
E através de meu pai o convívio com políticos
realmente idealistas, que dedicaram muito a esta
cidade, o Dr. Fritz (Frederico A.Álvares da
Silva, Gerente da Cia. Fabril Mascarenhas) e o
Dr. Mário França, que foram modelos do homem
público ideal, honestos, de que tanto carecemos
hoje em dia por este país. Ambos foram prefeito
ou vice-prefeito por algumas gestões, suas ações
deixaram marcas até hoje – Hospital, Posto de
Saúde, Asilo, e outras mais. Outro grande
Alvinopolense, amigo dos que citei e ainda vivo,
o Dr. Antônio Caetano Machado participou de
todos estes eventos também. Sugiro uma
entrevista com ele... Enfim, são tantas
lembranças que não caberiam numa entrevista.
Talvez mexam com a vontade de alguém apto a
descrevê-las em detalhes.
Para visão um pouco mais abrangente anexo um
trabalho que fiz há alguns anos “Da Pajelança à
Medicina Baseada em Evidências”, no qual podemos
ver com mais detalhes a história da Saúde em
Alvinópolis.
Rui Barbosa já dizia – “Um povo sem história não
é um povo sem passado, é um povo sem futuro”.
Tenho a impressão de que nosso passado vai se
perdendo na bruma do tempo. |
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Casa do Sr. Jose
Rodrigues, Dona Marica,
Ricardo, eu e Magda os
que estao de pé.
Sentados Totó de
Inhozito, Marcelo meu
irmao, Fernando. |
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3- Em qual Universidade o senhor se formou? Em
que ano? E porque escolheu a medicina?
Faculdade de Medicina de Porto Alegre, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Turma
de 1964.
Acho que escolhi a medicina porque perdemos a
única irmã entre 8 irmãos, fato que foi
extremamente doloroso para nós, deixa-me
emocionado até hoje, e também porque convivi com
minha avó materna durante anos, em sofrimento
terrível por câncer incurável, eu ouvia seus
gemidos dia e noite, dormia em quarto ao lado do
dela. Minha avó morreu depois da minha irmã.
Penso ser estes fatos que orientaram minha
escolha profissional, pois antes deles meu
grande sonho era ser aviador (piloto de caça, de
preferência...).
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Rua de Cima - 1940 |
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4- Quando chegou em Alvinópolis após o curso, o
que encontrou na área de doenças
infecto-contagiosas?
Muita verminose, tuberculose, febre tifóide
originada nos bairros onde esgoto corria a céu
aberto. Gastrenterite muito freqüente e que
causava óbitos ainda em números inaceitáveis. A
varíola já estava controlada, mas a poliomielite
não, era muito prevalente como em todo mundo.
Sarampo em surtos violentos, difteria presente,
muitos casos de hanseníase. Muita coqueluche,
com sua tosse infindável. Muita caxumba, que às
vezes “descia”. Rubéola era chamada de
sarampinho. Doença de Chagas muito comum. A
Neurocisticercose (cistos de solitária no
cérebro) ainda é a mais importante causa de
convulsões em nosso meio, naquela época era
pior. E muita verminose mesmo!
5 - Qual era a condição e a qualidade de vida
do povo?
Hoje em dia as coisas mudaram?
A qualidade de vida era bastante pior do que
hoje. Mudou muito para melhor, como citado no
conteúdo de outras respostas.
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6-Quais os fatos mais relevantes que viu
destacar para beneficiar a população?
Saneamento básico (água e esgoto). A iniciativa
do então Prefeito Nilo Gomes Vieira, que
urbanizou todo bairro do Asilo, doando e
regularizando lotes dos moradores que
construíssem em alvenaria, gerou um mutirão tão
bonito entre os moradores que transformou todo
bairro e erradicou a febre tifóide de
Alvinópolis.
Idéia inovadora, a Prefeitura não
dispunha de recursos, as pessoas se mobilizaram
de maneira comovente, foi das coisas mais
bonitas que já vi na área.
Antes, na gestão do
Dr. José Guaraci de Vasconcelos, houve grande
melhora no fornecimento de água e instalação de
esgotos sanitários.
A construção do Hospital, do Lactário Stella Andrade e depois do Posto de
Saúde, (ao lado na foto) |
O
primeiro Posto de Saúde, em 1961.
Na foto,
Mauro, eu, um amigo de Porto Alegre
que veio
visitar-me e Ênio Rodrigues. |
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coordenados pelo Dr. Mário França, e com
o apoio do Dr. Frederico Augusto Álvares da
Silva (Dr. Fritz) melhoraram muito o padrão de
alimentação, vacinações, e tratamento da
população. Não esquecer o envolvimento da
Sociedade São Vicente de Paulo, do meu tio
Joaquim Vicentino Gomes, da Liga Monsenhor
Horta, de muitos voluntários nessas obras.
Das
Irmãs da Beneficência Popular e de outros
funcionários no Hospital, de D. Marica de Zé
Rodrigues, recém falecida, Micaré, Toni, Orlando
Lima e outros funcionários do Posto de Saúde.
Vale lembrar que toda documentação do Posto de
Saúde foi queimada pelo Dr. José Milton da Silva
ao assumir a Prefeitura de Alvinópolis. Nada
restou da história do Posto.
E na área de
educação o trabalho incrível de meu pai, José
Faustino Gomes, ajudado por tantos professores
voluntários, que conseguiu criar e manter a
Escola Técnica de Comércio Professor Cândido
Gomes, Deus sabe a que duras penas até ser estadualizada.
A melhoria das estradas.
A
Campanha do quilo da SSVP, exemplo de fome zero
a custo zero para o Governo. O Asilo da SSVP. A
Creche e o trabalho fantástico da nossa Irmã
Helena Paiva.
A APAE de Alvinópolis, que presta
benefícios a tantas famílias carentes. |
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7 - Qual a sua visão critica em relação à formação
Médica atual?
Como era a graduação em sua época, e como ela está hoje?
Há Escolas de Medicina em excesso, muitas fundadas por
exclusivo interesse comercial, sem a infra-estrutura
necessária para boa formação médica.
Na minha época
ainda não havia residência medica, hoje em dia
praticamente todos alunos já se direcionam para
especialização durante o curso de graduação,
prejudicando um pouco a formação generalista.
Mas está
ocorrendo reação saudável para as exigências atuais. A
Medicina evolui muito, é impossível bom domínio de todas
as áreas, de forma que a Especialização é uma tendência
irreversível.
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8 - Já vi algumas pessoas dizendo a frase - É DEUS NO CÉU e ZÉ
SILVIO NA TERRA.
Uma pessoa que reclamou no mural do Alvinews, que o Dr.José
Silvio olhou pra cara dele e receitou o remédio. Comigo isso
também já aconteceu. Ele olhou pra mim e me disse o que eu
tinha. E acertou. Uma vez vim de BH pra me consultar com Zé
Silvio. Acordei com um mal estar terrível, uma falta de força
pra tudo. Fui me consultar e uma médica que disse que meu
problema era cardíaco e que eu tinha grande chance de precisar
de uma cirurgia. Fiquei mal. Mas resolvi descer pra Alvinópolis
e me consultar com Zé Silvio, pra conferir. Eu relatei pra ele o
acontecido, ele me examinou e me disse:
- Você está é com uma infecção intestinal brava.
Me receitou alguns remédios e no outro dia eu já estava
recuperado. Cada um tem um tipo de experiência. Sou um
Alvinopolense que saio de BH pra consultar em Alvinópolis com o
Dr.Zé Silvio. Isso se chama confiança. E a pergunta é a
seguinte: Dr. José Silvio, o quanto existe de placebo na
medicina que você pratica?
“Abaixo de Deus” é muita responsabilidade, não é? Evidente que
não me vejo assim tão poderoso. Sou um ser humano como qualquer
outro, com muitos defeitos, alguma coisa boa, certamente sujeito
a erros como todos. Gosto muito de minha profissão, da clínica
mesmo, e tento fazer o melhor possível; vejo como a Ciência é
falível, ainda há muito a se aprimorar não apenas na Medicina,
mas em todas áreas do conhecimento.
Chamamos “efeito placebo” a sensação de melhora (ou de piora) de
determinados sintomas que ocorrem por influência do nosso
cérebro, da confiança ou da fé que depositamos no processo –
pode ser uso de remédios, rezas, passes, benzeções etc. O
“efeito placebo” é inerente a qualquer atividade terapêutica, e
é mensurável. Cerca de 33,3% do resultado de qualquer consulta
médica, de tratamentos, ou de benzeções ou sessões de cura ou
descarrego ou outras é efeito placebo, para melhor ou para pior.
Por isso os resultados imediatos de qualquer tratamento precisam
ser vistos com cautela. É preciso esperar o julgamento final do
grande Juiz, que é o fator tempo. Porém há os 66,6% que
dependem da competência. Por esta razão é uma tendência
irreversível da Medicina usar critérios muito rígidos nas
pesquisas, tentando afastar o efeito placebo nas diferentes
intervenções e tratamentos medicamentosos. É a chamada Medicina
Baseada em Evidências.
Precisamos ter a humildade de reconhecer
a falibilidade de qualquer ser humano, todo muito pode cometer
enganos.
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9 - Hoje as pessoas estão com os hábitos modificados, com a
evolução do mundo, as doenças também evoluíram. Um médico
precisa evoluir para sobreviver no mercado e aos novos remédios
ou a experiência fala mais alto?
De fato, com a globalização e com a generalização da informática
há tendência a se expandir muito o conhecimento das pessoas. As
doenças também mudam, por exemplo o vírus da AIDS só foi
identificado em 1980. O vírus da gripe aviária oriental, que
está ameaçando o mundo, é de conhecimento recente. E os vírus
possuem extraordinária capacidade de mutação, de modo que
podemos esperar surpresas sempre, na área de doenças
infecto-contagiosas. As graves questões ambientais ameaçando
nosso frágil planeta geram condições novas para todos os seres
vivos, inclusive nos micro-organismos. É claro que a experiência
ajuda muito, assim como a intuição,em qualquer área da atividade
humana, mas é imprescindível atualização contínua, agregando
conhecimentos novos, e estar disposto a adaptação constante às
novas realidades que surgem.
10 - Quais as características o senhor julga diferenciais em um
bom médico?
O aprimoramento científico constante. A humildade de saber que
não somos melhores que os outros, que não temos poder sobre a
vida e sobre a morte, a respeitar o ser humano – em cada fase de
sua vida – criança – adulto – idoso como um ser único que
precisa ser reconhecido e tratado como único mesmo, pois nem
gêmeos idênticos são iguais. E sentir que aquele ser que o
procura está necessariamente em situação desagradável, que o
humilha de certa forma, de grande angústia por si mesmo ou por
um filho ou um pai ou mãe enfermos. Lembrar que em algum dia o
próprio médico se verá nesta situação de paciente, e tentar se
comunicar de verdade com o outro. Mesmo quando não existe cura,
existe alívio, e se nada for possível, a solidariedade humana
consola muito. Em resumo, aquele que trata o próximo como se
tratasse a si mesmo. Felizmente existem muitos médicos bons.
11 - Nos dias de hoje a medicina se preocupa muito mais com a
prevenção de doenças.
Como isso pode ser feito por uma pessoa
normal?
A prevenção de doenças em pessoa saudável chama-se prevenção
primária. A prevenção dita secundária se refere a pessoas que já
apresentam alguma doença. Para vocês terem uma idéia – o que
mata mesmo no mundo inteiro, em maior quantidade, são doenças do
coração (infarto, insuficiência cardíaca, paradas cardíacas),
derrames cerebrais e diabete melito.
Pois bem, o diabete melito
do adulto, chamado tipo II, pode ser evitado em grande
porcentagem de casos, se a pessoa não abusa de açúcar durante a
vida. As outras citadas são decorrentes de aterosclerose, doença
dos vasos sanguíneos que iniciam na infância, e que vão se
manifestar muitas décadas depois. Dentre os fatores que a
desencadeiam – fatores de risco - temos um grupo dos não
modificáveis – a hereditariedade, e outros fatores que são
modificáveis – FUMO, INGESTÃO EXCESSIVA DE GORDURAS DE ORIGEM
ANIMAL, AÇÚCAR EM EXCESSO, SEDENTARISMO, OBESIDADE, USO ABUSIVO
DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS, SEXO INSEGURO, ISOLAMENTO SOCIAL E
FAMILIAR, FALTA DE ATIVIDADE MENTAL, REAÇÃO INADEQUADA AO
ESTRESSE.
Ou seja, todos fatores de risco dependentes do estilo
de vida do indivíduo, que podem ser melhorados com estilo de
vida saudável. A rigor, a prevenção primária deve ser iniciada
na infância e se estender por toda vida. Lembremo-nos que um bom
estilo de vida pode impedir os fatores hereditários de se
manifestarem como doenças.
Há preocupação mundial com o custo
das doenças crônico-degenerativas, que afetam muitos idosos, e
destas doenças muitas são evitáveis através de estilo de vida
saudável, tornando a velhice “bem sucedida” quanto à saúde.
O
preço tão alto dos Planos de Saúde devem-se muito ao gasto com o
tratamento dessas condições, que quase sempre são de alto custo.
E a Previdência Social não tem como atender a todos que
necessitam.
Isto vale não apenas em paises em desenvolvimento,
mas também nos paises ricos.
Então não resta outra saída, senão a Prevenção.
Penso que as noções de “estilo de vida saudável” deveriam ser
passadas em todos os níveis de escolarização, tal como se faz
com Ecologia. Nosso organismo nada mais é que uma extensão do
meio ambiente para dentro do limite de nossa pele, estamos
continuamente trocando substâncias com o meio externo.
Acho uma
besteira a expressão “A Natureza é sua”.
Pelo contrário, nós é
que somos da Natureza.
Penso que a prevenção primária pode ser
resumida na expressão “seguir a lei de Deus”.
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Costumo fazer uma comparação a meus pacientes –
nossos dentes se parecem mais com os de vaca ou
boi, ou de cabra, ou de carneiro. Assim também
nossa química interna é toda ajustada para
usarmos alimentos que venham da terra – legumes,
verduras, frutas. Completamente diferente
da dentição de um leão, um cão, cuja química é
ajustada para metabolizar e funcionar com carnes
e proteínas animais. Ou seja, não é lei humana,
mas a própria Lei da Natureza que deve reger
nosso padrão alimentar.
É claro que não se proíbe um churrasco de vez em
quando, ou uma feijoada, mas seguindo a pirâmide
dos alimentos, ou seja, 1 vez por semana e não
todos os dias.
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12 - Qual a freqüência uma pessoa deve fazer um check-up nos
dias de hoje?
Depende da idade?
Em geral o atendimento pediátrico de boa qualidade já é o
começo. Recomenda-se hoje conhecer a pressão arterial, o
colesterol, glicose, triglicérides das crianças em torno dos 10
anos de idade, verificando seus índices corporais (obesidade,
desnutrição). Se normal, sem intercorrências, outra aos 18
anos. O restante varia, por exemplo, mulheres em vida sexual
ativa precisam fazer exame anual (Pappanicolau, prevenção de
câncer de colo uterino). A partir de 40 anos as mulheres
necessitam também fazer mamografia bianual ou anual, dependendo
dos achados.
A partir dos 50, anualmente. Se tem risco na
família, as vezes até de 6 em 6 meses. O homem, se tem risco na
família, exame de próstata após 40 anos, e depois dos 50 se não
tem risco nem sintomas. Nos homens saudáveis exames simples,
principalmente medida da pressão arterial, devem ser rotina após
os 30 anos, anualmente. Após os 40 também 1 exame anual é
suficiente para pessoas assintomáticas. A partir dos 50 já
entram em jogo outros exames preventivos, para pesquisar riscos
de doenças específicas, tais como o sangue oculto nas fezes,
exame barato, rastreador de lesões pré-cancerosas no intestino
grosso, pesquisa de doenças de tireóide, osteoporose e outras
comuns ao envelhecimento, também anualmente. E outros exames a
critério do médico assistente, conforme as tendências
hereditárias, ambiente de trabalho, doenças prévias. Um bom
médico assistente tem condições de orientar perfeitamente estas
avaliações.
13 - Muitas pessoas hoje não dão o devido valor ao sono!
Qual a influência do sono para uma boa saúde?
A necessidade de sono varia um pouco entre as pessoas, e diminui
um pouco com a idade, mas sono reparador é insubstituível para
bom funcionamento de nosso sistema nervoso. Sua necessidade
varia entre 6 e 9 horas em pessoas sadias. Porém existem pessoas
saudáveis que dormem bem menos durante toda vida.
Procurar
sempre meios naturais para que o sono seja de boa qualidade,
evitar ao máximo medicamentos que possam causar dependência ou
hábito. Há muito abuso de drogas para dormir, não sei se seu uso
é pior que a má qualidade de sono. A má qualidade de sono é um
sintoma, não uma doença, necessário se faz um diagnóstico para
abordagem adequada, e não apenas tomar um “diazepan ou lexotan
ou outras drogas”.
Às vezes mudanças simples como evitar
estimulantes após as 18 horas (café, bebidas com cafeína
(coca-cola, guaraná, etc), iluminação mais baixa possível e
silencio aconchegante, melhora do colchão/travesseiro, banho
morno e 1 copo de leite desnatado ao deitar, melhoram muito o
sono. Os chás calmantes também são úteis para alguns. Se for
parceiro (a) de roncador providenciar seu tratamento ou mudar de
quarto...
14 - Praticar esportes muitas vezes ajuda na
prevenção de doenças.
Quais as dicas para quem é sedentário e não
consegue enxergar os benefícios do esporte?
A atividade física melhora a pressão, o coração,
a circulação, os pulmões, a musculatura, os
ossos se fortalecem (evita osteoporose), ajuda a
baixar os níveis de colesterol e de açúcar do
sangue, melhora o estado geral do espírito –
melhora o astral enfim, reduz muito a depressão.
Estes objetivos podem ser alcançados com
atividades bem simples, como caminhar, dançar,
pedalar, nadar (para quem gosta) e a pratica de
esportes para quem tem condição.
Caminhada é tão
boa como corrida, apenas deve ser
suficientemente rápida para acelerar os
batimentos cardíacos até um nível mínimo que
varia com a idade e a condição física do
individuo. Tempo ideal entre 30 a 60 minutos por
dia, pelo menos 5 vezes por semana. Este efeito
pode ser cumulativo, por exemplo se você andar
30 minutos de manhã e 30 à noite o beneficio
será o mesmo que andar 60 minutos de 1 só vez no
dia.
Conciliar atividades da vida diária – ir
a pé para o trabalho, acelerar o passo quando se
vai às compras, ou à Escola, subir escadas ao
invés de usar o elevador, e por aí.
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15 - O senhor é um praticante assíduo de esportes. Me lembro bem
do tempo em que você atravessava nadando da praia de Piúma até a
Ilha dos Cabritos, além de participar de corridas como a Volta
da Pampullha, entre outras. Quais os benefícios o esporte trouxe
para sua vida?
Desde criança eu gosto muito de correr, pois tinha um cachorro
muito bravo chamado Peri, que obedecia só a mim e eu tinha que
acompanhá-lo acorrentado por longas corridas noturnas.
Joguei
futebol no Alvinopolense (comecei no Lambari de Orlando Lima,
passei para o juvenil do AFC e cheguei a titular por breve
tempo), mas sempre muito ruim de bola. Estive 5 anos e meio no
Exército, em Porto Alegre, onde praticava esporte todos os dias
para escapar da Ordem Unida (marcha, etc). Ao voltar a
Alvinópolis joguei por 5 anos no cascudo do AFC e depois passei
para o Veterano.
Tivemos um time de vôlei por uns 7 anos, só de
ganhar de Dom Silvério valia a pena (eu jogava porque tinha uma
caravan que cabia o time, não por altura ou competência, claro).
Time de voley na quadra
ao lado da Casa Paroquial, onde funcionava o Colégio -
Luizinho de Oliveira, Repolês, um sobrinho de Dona
Judith que morava em Leopoldina, Luizinho de Dodô, eu e
Pepê de Nilo
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Nadava bastante, mas apenas como lazer, sem competir. Andei
muito de bicicleta. Parei com futebol por lesão no joelho
direito, mas continuei jogando peteca, nadando e correndo em
rua. Rompi tendão no ombro tive de parar com peteca. Agora faço
apenas corrida leve.
Das 8 voltas da Pampulha cheguei em 7, só
não participei de uma, e das edições da meia maratona de Belo
Horizonte, que antecederam a volta da Pampulha, só não corri
uma. Já corri uma meia maratona do Rio de Janeiro. Gosto muito
da Piramon, este ano não pude participar.
Se trouxe benefícios
para minha saúde na verdade só o tempo dirá, pois agora estou
próximo dos 70 anos, mas para mim o prazer da atividade física
já é recompensa suficiente.
16 – Os Veteranos de Alvinópolis foram, por um bom tempo, o
encontro das famílias alvinopolenses com o esporte. Os filhos
sempre acompanhavam os pais nas viagens para os jogos. Hoje em
dia existe um trabalho visando recuperar essa entidade.
O que mais te marcou nesses tempos?
Lembra de casos engraçados que possa nos contar?
É verdade que você foi chamado para fazer um diagnóstico de
“Miau” durante uma partida e o resultado foi que ele estava com
fome?
Veteranos : Em pé : Noé, Ary, Dico Lavanca, Danilo, Zé
Nenen,
Zezinho, Ze Niquinho, Tutuca.
Agachados : Magela, Zé Sylvio, René,Xandoco, Bizzorro,
Sílvio
Nicolau e Comodoro. |
Resultado
dos primeiros meses de atividade do veterano - Zé
Geraldo quebgou a perna, Narciso e Gustavo quebraram o
antebraço. |
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Realmente foi época maravilhosa. Tenho inúmeras fotografias e
alguns filmes. Estou ajudando e torcendo para reorganizarmos o
SEVA. Têm alguns casos incríveis.
Num jogo com o Pimenta, campo
do AFC, a bola caiu na enxurrada, todo mundo caiu e a mesma foi
levada além da linha do goal, lentamente, e o gol valeu.
Questionado de quem seria o goal, o juiz confirmou – da chuva.
Com o mesmo time, no campo de lá, a bola caiu em cima do
bambuzal e o jogo ficou parado por 45 minutos até conseguirem
tirar a bola.
Num jogo difícil, pela Liga, nosso Goleiro Zé de
Tia Elza defendeu um pênalti com os pés. O zagueiro Aurélio
agarrou o goleiro, comemorando e gritando, sem ver que o lateral
deles chutou de volta e a bola entrou devagarzinho no canto, com
o goleiro gritando “me larga”, “ME LARGA” e o Aurélio não o
largou mesmo, estava de costas para o campo. Isto aos 44 do
segundo tempo, perdemos por 2 x 1.
Num jogo em João Monlevade
precisei de um curativo no intervalo, não tinha esparadrapo, nem
gazinha, nada, então alguém se lembrou que o Zé de Niquinho
sempre anda com camisinha no bolso e não deu outra, joguei com
preservativo no dedão do pé esquerdo o segundo tempo todo.
Tem
um filme do Veterano com Major Ezequiel, mostrando o Dadico
dando uma “gaúcha” numa égua que entrou correndo pelo campo. E
tantas outras mais. Felizmente está ocorrendo um movimento
saudável de revigorar o SEVA, já compraram até instrumentos para
sua banda.
A história do Miau é verídica, a causa do desmaio foi fome
mesmo.
17 - Quais os conselhos o senhor daria para se
ter uma vida saudável ?
-
Alimentação equilibrada, com pouco açúcar, pouca
gordura de origem animal, pouca carne
vermelha,não esquecendo que o leite é muito
gorduroso, deve-se preferir leite e laticínios
desnatados.
-
Uso de muitas verduras, legumes e frutas
frescas.
-
Atividade física regular, conforme referido em
outra pergunta, e de preferência ao ar livre,
evite excesso de sol, use protetor solar.
-
Manter peso corporal em nível adequado, evitando
obesidade ou peso muito baixo, ambos nocivos à
saúde.
-
Evitar fumo, abuso de álcool, de outras drogas
ilícitas.
-
Sexo seguro.
-
Trabalhar no que lhe dá prazer.
-
Equilíbrio entre tempo de trabalho e de lazer.
-
Viver entre pessoas que você ama e te amam.
-
Dedique-se à família, esta então é fundamental.
-
Saber conviver com o estresse, que é inevitável.
-
Atividade mental sempre, tal como o físico nosso
cérebro precisa exercitar-se continuamente.
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18 - Muitas pessoas estão obcecadas pelo corpo hoje em dia.
Muitas tomam remédios para se manterem de acordo com as regras
da sociedade do culto ao corpo.
Esses remédios para emagrecimento são perigosos? Quais os
benefícios e malefícios?
Quase todos moderadores de apetite têm efeitos colaterais que
podem se tornar graves, como alterações de comportamento e
lesões nas válvulas cardíacas. Todos os produtos associados de
manipulação para emagrecer, tão comuns no passado, estão
proibidos pelo Conselho Federal de Medicina, o médico que
receitá-los comete infração ética. Existem contudo alguns
antidepressivos que têm bom efeito moderar o apetite, e alguns
moderadores que podem ser usados, sempre sob supervisão médica.
Devem ser indicados por Endocrinologista ou Médico habituados
com seu uso. A obesidade é um problema muito sério, ainda não
resolvido satisfatoriamente pela Medicina. Uma prova disso é o
aumento das cirurgias bariátricas, ou seja, cirurgias de redução
do estômago com função de emagrecimento corporal. Os bons
resultados nunca dependem só de remédios, mas também de associar
mudança de estilo de vida, principalmente hábitos alimentares
saudáveis e atividade física regular.
Por outro lado o emagrecimento exagerado é mais perigoso que a
obesidade. Não quer dizer que o magro é doente, há magros muito
saudáveis, refiro-me à perda de peso provocada por drogas,
bulimia, etc.
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19 - A auto-medicação é uma tradição brasileira. O que o
senhor pensa a respeito?
Não pode ser saudável, salvo para pequenos problemas –
uma dor de cabeça, febre, dores musculares, tudo de
origem passageira, alguns dias. Se mais crônicos
precisam ser diagnosticados. Nem o melhor médico do
mundo é um bom médico de si mesmo. Imagina o leigo...
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20
- Nos tempos de hoje, o SUS(Sistema Único de Saúde) não oferece
condição para os médicos realizarem um trabalho de qualidade.
Você vê alguma saída para um hospital se manter bem estruturado?
Em algumas áreas o atendimento é muito bom, por exemplo, em
Nefrologia (hemodiálise), no tratamento da AIDS, os esquemas de
vacinação. Os Hemocentros funcionam muito bem. São programas já
implantados há algum tempo. Se não houvesse remuneração adequada
para a Hemodiálise, ela não seria tão disponível. Mas no geral
os valores pagos pelos atendimentos são ridículos, desestimulam
qualquer profissional de saúde. Por exemplo, consulta médica por
R$ 3,00. Os valores das diárias e procedimentos hospitalares são
absolutamente ridículos.
Todos os Hospitais cujo faturamento dependa do SUS em mais de
50% são economicamente inviáveis, dados válidos para todo país.
Os valores repassados pelo SUS, não corrigidos há décadas,
quebram qualquer Hospital. O nosso, por exemplo, é inviável nas
condições atuais, seu faturamento é 80% SUS. O mesmo se diga de
Dom Silvério, Nova Era e por aí vai. O Estado de Minas publicou
há uns 2 meses uma série de reportagens que esclarecem bem o
assunto. Uma saída provisória seria um bom entendimento entre as
forças políticas locais, no que tange ao Setor de Saúde
Pública. O que infelizmente não acontece, não apenas em
Alvinópolis, mas pelo país afora. Saúde Pública no Brasil é
usada como instrumento de política partidária, não como
instrumento de política de saúde. Não existe continuidade, sai
um gestor ou dirigente entra outro e muda tudo...Infelizmente
percebe-se tendência política dentro do próprio Hospital, em
choque com a Prefeitura, assim quem devia ser parceiro torna-se
adversário e fica muito difícil a sobrevivência da Instituição.
Vemos diariamente pacientes daqui se deslocarem para Ponte Nova,
a fazer exames de laboratório e de ultra-sonografia para os
quais nosso Hospital é capacitado. Imaginem a perda de tempo das
pessoas, o gasto com transporte, que talvez superem o custo dos
exames...
21 – O Programa de Saúde da Família é uma boa alternativa para
melhorar o atendimento ao povo?
A idéia do PSF é muito boa, sua proposta de trabalho é
excelente, baseada na PREVENÇÃO e em alguns locais funciona bem.
Seria uma boa alternativa se cumprisse essas metas. Acontece que
o regime de trabalho dos profissionais não lhes dá estabilidade
alguma, e embora os salários sejam atraentes há enorme
dificuldade em conseguir bons profissionais, e principalmente em
fixá-los nas localidades. E há grande ingerência política em seu
dia a dia, desvirtuando os objetivos que deveriam nortear seu
trabalho. Se isso não mudar permanece a enorme rotatividade de
profissionais e a perda de continuidade de atuação.
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22 - E a saúde em Alvinópolis no momento? Tem tido o suporte
ideal por parte da atual administração?
No presente não estou ligado à direção do Hospital, não tenho
procuração para defendê-lo. Mas vejo com angústia que existe
conflito entre a direção do Hospital e a Prefeitura, o que
apenas dificulta o funcionamento do mesmo, em prejuízo do
atendimento aos que mais precisam. A Prefeitura tem dado algum
suporte financeiro, mas não é apenas o dinheiro, há muitas
outras coisas que poderiam melhorar. Acho também inviável
a Prefeitura montar um Serviço seu, fica muito caro. Quem segura
mesmo a barra dos atendimentos de Urgência vai ser sempre o
Hospital, mesmo que os PSFs funcionem bem. E é uma atividade
deficitária, como já vimos. Se uma determinada coletividade quer
um bom atendimento de urgência deve pelo menos remunerar bem o
Profissional de Saúde e a entidade que o presta. Tudo isto
deveria ser discutido pela comunidade, que é o paciente, o
Poder Público, incluindo aqui a Câmara Municipal, os serviços e
Profissionais envolvidos. Esta é a idéia dos Conselhos
Municipais de Saúde, fórum ideal para se discutir a problemática
referida.
Pois bem, estou clinicando em Alvinópolis há 42 anos e meio,
jamais fui convidado para uma reunião do referido Conselho,
mesmo quando era Chefe do Centro de Saúde do Estado, ou Diretor
Clínico do Hospital.
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Nunca fui convidado a uma reunião!!! Na
verdade no momento nem sei se existe o Conselho
Municipal de Saúde, quais são seus membros, acho que
devemos forçar seu funcionamento para não ficarmos
discutindo eternamente em circuitos improdutivos. E a
atividade de Conselho Municipal de Saúde é exigência
legal, não sei como surgem as atas de suas reuniões.
Hospital no ano de 1973 |
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23 – Que equipamentos o Hospital Nossa Senhora de Lourdes
precisaria adquirir para prestar um serviço de boa qualidade
para a população?
Vários, como respiradores, bombas de infusão, oxímetros
digitais,diversos medicamentos de pronto-socorro que não temos
condições de adquirir, e não apenas equipamentos e instrumentos
mas também melhora da remuneração do pessoal, mais contratações,
melhoria física de instalações, principalmente para atendimento
ao idoso, melhora da capacidade do laboratório de análises
clínicas. Acontece que a capacidade de investimento está a zero,
conforme documentações pertinentes – balanços, balancetes, à
disposição de quem quiser examinar. Para vocês terem uma idéia,
não há sequer um fundo de depreciação para os equipamentos em
uso. E recursos financeiros para remunerar bem seus funcionários
e plantonistas.
24 - O que acha da presença da COPASA em nossa cidade?
Acho excelente, a água de boa qualidade é mesmo cara, temos que
nos conscientizar e fazer uso muito criterioso da água. É um
tema do momento em todo mundo, e infelizmente o ser humano só
cumpre o que pesa no bolso, ou seja, só passa a economizar
quando a coisa ficar cara.É uma questão de sobrevivência da
Humanidade, precisamos nos preparar para enfrentar a escassez de
água potável. Que sirva de pretexto para meditarmos, estudarmos
e fazer o melhor por este planeta tão agredido, tão frágil, que
chega a ameaçar a existência de nossa espécie. Não apenas quanto
a água, mas a outras formas de energia que não deveríamos
desperdiçar, nem usar de forma não ecologicamente correta. Não
nos esqueçamos eu mais de metade do nosso peso corporal é
água...
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25 – O senhor acha que houve melhoras em Alvinópolis, no sentido
de uma maior consciência da população, em questões como uso de
contraceptivos, controle de natalidade, obesidade, doenças do
coração, doenças endêmicas. Como o senhor avalia a educação da
população para a saúde?
Vejo com preocupação este tema. Tenho feito inúmeros partos de
adolescentes absolutamente despreparadas, nos últimos anos.
Falta mesmo uma política de conscientização, parece que agora o
Governo Federal está começando algo a respeito. Mas precisa
chegar à Escola. Não é apenas distribuir camisinhas,
anticoncepcionais e tabelinhas que vai resolver. Tem que por
alguma coisa na cabeça dos adolescentes, melhor conhecimento,
mais responsabilidade. E especialmente as famílias deveriam
cumprir este papel, não esperar tudo da escola. No que toca à
obesidade vejo carência de informação nutricional generalizada.
A tradicional comida mineira é um horror de calórica e hipercolesterolemiante. Precisamos de mais informação
nutricional nas escolas e nos PSF. Até pouco tempo atrás não
existia Nutricionista na cidade. Quanto às doenças do coração há
crescente preocupação das pessoas, e melhora da conscientização
de que muitas delas são evitáveis ou controláveis.
Morre-se
muito menos agora de doenças cardíacas do que há 20 anos, mas
ainda é disparada a maior causa de mortalidade não só em
Alvinópolis mas no Brasil e no Mundo todo. Todos tememos o
câncer, mas quem segue matando mais é o coração, por muitas
causas evitáveis.
Quanto às doenças endêmicas vi grandes
melhoras nas últimas décadas.
A doença de Chagas quase
desapareceu, a esquistosomose diminuiu muito em suas formas
graves de alguns anos atrás, credito isto a maior informação das
pessoas – todas nossas águas são poluídas/contaminadas até prova
em contrário, assim devemos ensinar a nossos jovens.
Tuberculose
com grande diminuição, hanseníase quase desapareceu. A
Vigilância Sanitária/Epidemiológica continua trabalho constante.
A Educação da população para a saúde pode ser melhor.
26 - Como foi a sua relação com a bossa nova.
Morei em Porto Alegre até 1964, e o João Gilberto estudava
harmonia com um vizinho, Prof. Armando Albuquerque, na época
Diretor da Rádio da UFRGS. Na casa do Sr. Armando conheci João
Gilberto, antes de seu sucesso nacional, e foi um choque na
minha visão de MPB. A partir daí acompanhei o movimento e
acompanho até hoje, pois foi um marco na história de nossa
riquíssima MPB. Seu grande lance a meu ver foi a harmonia, com a
introdução de dissonâncias, e um cantar mais comum, sem precisar
dos vozeirões que a gente costumava ouvir, inacessíveis a nós,
meros cantores de banheiro.
Zé
Sylvio, Tião do Major e Tuca em almoço coma a
presença de Altamiro Carrilho -
Pedacinho do Céu - Belo Horizonte |
Praca
Bias Fortes - Zé Sylvio, Dedé, Zizi, Zezito de
Quinzinho, Lourenço e Mauro, meu irmão.
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27 - É verdade que chegou a conhecer João Gilberto.
Quais os maiores músicos e compositores com os quais você
conviveu ou conheceu.
O Maestro Armando Albuquerque, compositor modernista e pianista,
que ouvi por uns 6 anos, pois seu piano ficava separado do meu
quarto apenas por uma parede de casa geminada na Rua Lopo
Gonçalves, Porto Alegre; João Gilberto morou em Porto Alegre,
conheci-o em 1960, na casa do Prof. Armando; a 400 m da minha
casa ficava a Churrascaria Gato Preto, do Lupicínio Rodrigues,
que tive oportunidade de ouvir várias vezes. Paulinho Nogueira
também conheci em Porto Alegre. Paulo César Pinheiro, em Belo
Horizonte No Rio estive por 2 vezes no Politheama, onde nos
encontramos com o Chico Buarque. O MPB4, o Quarteto em Cy,
Silvio César, no Rio de Janeiro também, através do meu irmão
Mauricio (grande percussionista e sambista), todos eles.
Altamiro Carrilho, Waldir Silva, Ausier do cavaquinho, dono do
Pedacinho do Céu, todos em BH.
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28 - E quais os músicos de Alvinópolis você conheceu
pessoalmente e o que tem a dizer sobre eles.
Totó Faria, de cuja casa vieram os sons que marcaram e
formataram meu gosto musical, quando eu tinha entre 3 a 5 anos
morei defronte a sua casa, na rua de Cima, e dele guardo um
flautim de ébano, perfeito e tocando, doado a mim por seu filho
Nego; na sua casa havia roda de choro e samba todos os domingos;
meu sogro Pedro Paulo, grande trombonista, bombardinista e
compositor, além de boêmio inveterado; todos os músicos da Banda
Musical Santo Antonio daquela época, não dá pra citar todos, mas
tanto eu acompanhava os ensaios e as viagens da Banda que o
maestro Zózimo compôs um dobrado que tem o meu nome, é do
repertório da Banda Santo Antônio. Som de Banda de Música
emociona-me demais até hoje, e vai continuar sempre assim, pois
gravaram isso no meu hd aos 3 ou 4 anos de idade...
O grande,
inesquecível Babucho, dos melhores seres humanos que conheci,
que levou-me a acompanhar as primeiras serenatas pelas
madrugadas de Alvinópolis, com seu cavaquinho e violão, e um bom
humor inexcedível. Saudade eterna. |
Na
foto, Tutuia e Babucho em um jogo do Veterano.. |
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Tião do Major, uma outra
presença eterna em minha lembrança, grande violonista do Major,
músico excepcional, educação fina.
Tuca, Argental Lucas Borges,
cujo violão de 7 cordas está comigo, doado por sua família,
jamais se recusava a tocar, fosse que dia fosse. Jorge Andrade,
Jorginho de Sem Peixe, que trouxe do Rio para nossa casa o
melhor do samba carioca, no final da década de 60 e nos dá o
prazer de convivência até hoje.
Anzulinho do Cavaco, também conhecido por Afonsinho. Os irmãos
Trindade que sempre foram muito bons.
Dosa de Ridamar, cantor e
violonista, Tutuia do pandeiro, Zé Luiz de Carvalho,, Zé Grande
(de Ouro Preto), grande flautista, Antônio Drumond e Júlio Papa,
bons trompetistas; Darci, saxofonista; Bastião de Tereza e
Nhonhô do Major, companheiros de tantas noitadas inesquecíveis.
Dona Ritinha de Darci, voz mais afinada da cidade, Nenzinha,
Darquinha, Marica de Hugo, Naná (falecida), Vevé, Zinha e Toni
Morais, do coral da seresta. As bandas "Os Morcegos" e "007",
que muito animaram os bailes.
Pepê de Nilo, violonista,
Marquinho Flores, cavaquinho profissional hoje em dia. Binha,
que não foge da tradição musical da família. Ângelo e Butijão na
percussão.
Da turma nova o brilho de Marcos, de Rogério, que
seguem a tradição da família em nível mais alto e mais moderno.
O inesquecível Verde Terra.
A Márcia Prímola
que
está numa fase artistica esplendorosa e pode representar nossa
terra em qualquer lugar.
Lulute e Adriano, excelentes
músicos.
Estou sendo injusto com outros novos valores que
admiro mas não tenho acompanhado seu trabalho, a eles peço
desculpas.
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Zé
Zylvio, Chico Buarque e Tereza Cristina |
Zé
Luiz,TIão do Major,Zé Sylvio, Nelson Gonçalves,Tuca |
29 – O Festival da Canção de Alvinópolis sempre foi marcado
pela revelação de bons músicos. Os bares da nossa terra sempre
foram recheados de pessoas tocando violão, etc. A música perdeu
espaço em Alvinópolis?
Os eventos musicais são conseqüentes a eventos econômicos e a
atitudes de política cultural. Sem investimento econômico,
patrocínio, que por sua vez vêm de política cultural não há como
ter bons Festivais. Sem patrocínio nada funciona. Acho que a
música não perdeu espaço, nem perderá nunca. Música é alguma
coisa sublime que nos leva a tocar por puro deleite, mesmo sem
ganhar nada. Tem muita gente nova fazendo música de boa
qualidade na nossa terra.
30 - Que dicas você daria para que o festival voltasse aos bons
tempos?
Política cultural adequada por parte da Prefeitura, o que
certamente traria investimento financeiro - patrocínios.
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31 - Já sabemos que a Caneta do médico é muito pesada quando se
refere a política, por isso muito deles tem se ingressado nessa
área e feito bons trabalhos. O senhor já pensou nesta hipótese?
Se não, qual o motivo?
Não, nunca pensei. Jamais vi potencial de voto em minha caneta.
O motivo principal creio é quando ainda muito jovem, ver meu pai
humilhado por questões políticas, por ser ruim de voto, nesta
cidade que ele tanto amava e para a qual dedicou grande parte de
sua vida. Outro obstáculo é que meu trabalho absorve tempo
demasiado, não teria como dedicar-me a outra área. Porém sinto
algum desconforto por não ter me envolvido em política. É um
exercício de cidadania que precisamos fazer.
32 - Qual a sua opinião sobre o governo Lula. Acha que houve
avanços na medicina?
Acho que está dando certo por circunstâncias econômicas
mundiais e por seguir o seu antecessor em Política Econômica.
Ainda estou para ver qualquer plano de governo, qualquer projeto
a longo prazo, que não seja a permanência no poder. Na área de
Saúde o que vem funcionando bem é coisa mais antiga, de governos
anteriores. Até agora não vi nada de novo. O atual e recente
Ministro da Saúde é um técnico,Sanitarista, vamos aguardar um
pouco para ver se melhora alguma coisa.
33 - E o governo Aécio?Tem sido um bom governo no que diz
respeito à saúde?
Estou aposentado há muitos anos em meu cargo Estadual. Na Área
de Saúde, afastado de cargos públicos há alguns anos, e isto
dificulta minha avaliação.
34 - Qual a sua leitura sobre o atual quadro político de
Alvinópolis? O senhor acha que a rivalidade de partidos escurece
a visão dos políticos para o bem maior, a melhoria de
Alvinópolis?
Não tenho as informações necessárias para uma avaliação. A
rivalidade partidária com certeza escurece a visão para o
verdadeiro bem público.
35 - O que você acha que precisa melhorar?
Acredito que estamos muito omissos como cidadãos, é preciso
cobrar mais das autoridades que elegemos, não ficar esperando
que as coisas aconteçam. Precisamos participar mais, nos
organizar, senão como fazer pressão junto às autoridades?
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36 - Já considerou a possibilidade de se candidatar a Prefeito
de Alvinópolis?
Não, como já mencionei antes não disponho de tempo e também não
creio que tenha qualidades suficientes.
37 - Se fosse o prefeito, qual seria a sua prioridade zero?
Transparência de todos os atos, respeitar os direitos dos
cidadãos e exigir deles sua quota de colaboração na melhoria da
nossa qualidade de vida.
38 - Valeu à pena vir trabalhar em Alvinópolis?
Claro que sim, senão não estaria mais aqui. Valeu por este povo
trabalhador, simples e bom. São tantas pessoas maravilhosas,
estou sempre aprendendo com elas.
Bernadete, Zé
Sylvio e
Dona Maria Turrer Rodrigues
- 1968 |
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39 – Que mensagem o senhor deixaria para quem deseja seguir a
carreira de médico?
Estudar muito, muita humildade, disposição para estudar pelo
resto da vida. Hipócrates já dizia – “A arte é longa, a vida é
breve e a experiência é difícil”.
Muito obrigado. Desculpem o atraso nas respostas, mas passei um
período complicado em função de cursos. Saudações
Alvinopolenses.
Estou enviando também um trabalho feito há alguns anos, com
algumas referências históricas mais completas, resgatando outros
nomes ligados à Saúde em Alvinópolis.
José Sylvio
Av. Magalhães Pinto, 179
Alvinópolis, MG
Cep 35950.000
Obrigado.
Artigos enviados :
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Colaboradores da entrevista: Juninho Souza, Nilo Gomes Vieira,
Marcos Martino, Geovanio Pereira, Guilherme Pontes e outros que
não quiseram se identificar.
A todos, o nosso muito obrigado.
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