Éramos Felizes

 

Zózimo Drumond

 

          

 

       Há alguns meses, um livro de contos e crônicas das décadas de 50 e 60, com personagens alvinopolenses, foi distribuído aos amigos pelo Zózimo Franca Drumond.

Os comentários foram muitos e recebemos a sugestão de publicar aqui no Alvinews esses contos, que retratam uma Alvinópolis de amizade, romance, tradições.

Em um tempo onde se podia dizer :

 

 - Éramos Felizes.

 

Entramos em contato com o autor e fizemos uma entrevista para ilustrar como foi a criação do livro e aspectos ligados a Alvinópolis.

           Dessa forma, nos próximos meses, publicaremos um espaço com esses contos,  divulgando os contos cronologicamente.

Abaixo seguem os capítulos e os contos respectivos.

Ficam aqui registrados os nossos parabéns ao Zózimo pela brilhante idéia e pelo excelente trabalho realizado.

 

Éramos felizes...

Contos e Crônicas

Zózimo Franca Drumond

 

        

         Para ler, clique no nome dos contos em destaque:

 

         Capítulo 1     - Alvinópolis com o advento do colégio
                               - Os desocupados

 

         Capítulo 2     - Primeiro de Janeiro


         Capítulo 3     - Recomeço das aulas
                               - Escola Técnica de Comércio


         Capítulo 4      - Reuniões do Grêmio
                               - Gustavo
                               - José Alvarenga

         

         Capítulo 5      - Repolês
                               - Adair
                               - O Marreta


         Capítulo  6     - E a vida continua ...
                               - Sapataria do Tone
                               - Serenatas


         Capítulo 7      - Americana em Alvinópolis
                               - Baile em S. Domingos do Prata
                               - Demônio da Garoa

 

 


Dados do autor:
Zózimo Franca Drumond, filho de José de Vasconcelos Drumond e Rita Carvalho Franca Drumond, nasceu em Alvinópolis-MG em 18-02-43, onde residiu até 1.966.

Fez o Curso Primário no Grupo Escolar Bias Fortes, e o Secundário no Colégio Prof. Cândido Gomes.

Em 1.967 transferiu-se para Belo Horizonte, cidade em que estabeleceu residência, na qual constituiu família. Bacharelou-se em direito pela  Faculdade de Direito Prof. Milton Campos. Dedicou a maior parte de tempo de sua vida profissional em empresas do setor privado. Posteriormente tornou-se Funcionário Público, tendo optado pelo Poder Judiciário, tendo passado pelo Tribunal Regional do Trabalho, e depois pelo Tribunal Regional Eleitoral, onde  aposentou-se na função de Analista Jurídico.


Como surgiu a idéia de criar o livro de contos e crônicas intitulado  "Éramos Felizes”?
A valorização e gratidão aos criadores do Colégio Prof. Cândido Gomes foram as principais fontes inspiradoras de eu ousar escrever aqueles contos/crônicas com o nome de "Éramos Felizes"  Os estudantes atuais de Alvinópolis acharam a "coisa" pronta e não têm idéia de como era o futuro dos jovens ali, antes do advento do Colégio e nem podem calcular quanta luta houve por parte dos batalhadores que iriam modificar e nortear os nossos futuros. Em conseqüência, passamos a ter uma juventude sadia, promissora, cheia de vida e esperança e que, por razões naturais, cheia de casos pitorescos e engraçados que foram lembrados no decorrer da escrita.

Quais as melhores recordações do tempo de Alvinópolis ?
A juventude é parte marcante de nossa vida. Como nós tivemos a nossa cheia de atividades sadias como participação em teatros,  "shows", prática esportiva, enfim, vida social plena, além, é claro, dos estudos, tudo isto é que trazemos sempre à memória, como parte de nossas melhores recordações.

Hoje em dia Alvinópolis não possui jornal, nem elaborado pelos estudantes  como o caso de "O Marreta".  Quais lições que ficaram para vocês ?
"O Marreta" era um jornalzinho simples, quase artesanal, elaborado por jovens entusiasmados, porém sem muito conhecimento da matéria. A falta de materiais e equipamentos ou a precariedade dos que nos eram emprestados não constituíram obstáculo para a veiculação regular daquele pequeno noticioso. Logo, fica a lição de que a vontade sobrepuja a dificuldade.

Que sugestões daria p/ resgatar um pouco da tradição de Alvinópolis, citada no seu texto ?
A evolução é uma coisa natural e necessária ao desenvolvimento da vida. No entanto, quando ela atinge costumes, às vezes passa a ser nociva, corroendo e deteriorando valores que fizeram parte de uma vida. Por exemplo, tenho na lembrança os famosos bailes alvinopolenses. Duas semanas antes havia previsões, programações, cuidados elementares, como mandar ternos para a lavanderia, etc. No dia do baile, todos assentados à mesa, boas orquestras executando lindas e românticas melodias, os rapazes trajando o que se chamava "passeio completo", ou seja, terno e gravata, com os colarinhos devidamente engomados. Pois bem. Em época bem mais recente, num fim de ano eu estava em Alvinópolis e tive notícia de que haveria um  baile  de troca de ano no Alvinopolense. Levei meus filhos para mostrar-lhes como eram as festas no meu tempo de jovem. Lá chegando, que decepção! O que eu chamava de orquestra passou a chamar-se Banda, as músicas românticas e melódicas foram substituídas por umas coisas  que nada têm a ver com música; (na hora que adentramos o clube estava tocando "vai ter festa no ap, vai lá, vai ter bunda-le-lê);  havia um rapaz participante do baile que estava com sandálias hawaianas, com uma camiseta bem cavada, sentado na mesa (eu disse na mesa) ,ou seja, em cima dela, com os pés balançando. Acho pouco provável resgatar a coisa no sentido de "voltar a ser" pois a juventude de hoje estranharia muito aquilo que não tem  nada de estranho.  As serenatas, por exemplo, acabaram.
Também você já pensou na possibilidade de uns jovens pararem, alta madrugada sob a soleira de uma janela e entoarem  "a egüinha do pocotó" ?

O que você pensa de Alvinópolis atual?
Em relação à cidade que deixei na década de 60, Alvinópolis progrediu e cresceu demograficamente. No entanto, quem leu o  "Éramos Felizes" pode constatar que a juventude atual está devendo à de gerações anteriores no que diz respeito a atividades sadias, culturais, artísticas, esportivas, etc.

Que dicas e sugestões você daria para o Alvinews, em termos de entrevistas, matérias, etc. ?
Acho que a sociedade alvinopolense poderia criar um jornal (semanal ?  quinzenal? mensal? ) elegendo-se vários correspondentes( por exemplo, um na Fabril, um na Bio-Extratus, um na Prefeitura, um na Cooperativa Rural, um no Sindicato, um no Hospital, um da Igreja, etc.) O correspondente de cada órgão acima, citado como exemplo, seria o responsável e estaria assessorado por uma equipe que cada órgão elegeria,  reuniria para selecionar notícias sugeridas por muitas pessoas e, em seguida, transmitiria para o Alvinews, que se incumbiria da montagem e divulgação. Necessário para tanto, seria surgir uma pessoa, exímia em liderança, e lançar a idéia e convocar as pessoas certas para a primeira reunião.


Gostaria que esclarecesse uma coisa:  bem no princípio do livro, você comenta o conto que o Gustavo escreveu, no qual, em determinada situação, afirma que você "chorava a cântaros por um amor perdido" afirmação esta da qual você discordou, reconhecendo, no entanto, que em festa você "ia às lágrimas". Se não era por um "amor perdido" , como se explica, numa época de tanta alegria, um jovem "ir às lágrimas" logo numa festa?

Muitas pessoas fizeram-me este questionamento.  Inesperada e inexplicavelmente a minha família teve uma perda repentina, muito difícil de se conviver. Tratava-se de um jovem extrovertido, comunicativo, brincalhão e nas festas a sua falta era notada por todos. No princípio foi muito difícil e realmente eu não conseguia me controlar.

Após distribuição dos exemplares, que lições ficaram para o senhor?
Quando estava finalizando a digitação, recebi convite de casamento de um sobrinho em Alvinópolis. Agilizei a finalização e providenciei  a encardenação, pensando em distribuir os exemplares com meus conterrâneos. Esta pressa fez com que eu não fizesse uma revisão final, na qual detectaria alguns erros (de digitação e outras  incorreções) que, infelizmente constatei após a distribuição. Não gostei disto ter acontecido.
Após distribuição, tive retorno de vários conterrâneos, por telefone, e-mail ou pessoalmente, manifestando a alegria em ter no presente, resgatada um pouco da nossa história. Isto trouxe-me muita satisfação.

Após o "Éramos Felizes" você pretente continuar  a escrever ?
Já participei de três concursos literários. Um, por razões de ordem jurídica teve a divulgação de  resultado impedida; para outro, a divulgação está anunciada para setembro próximo; num outro, o Concurso Nacional  “Amizade em Prosa e Verso”, promovido pela Academia Varginhense de Letras,  Artes e Ciências, concorri com o conto "Apenas Amizade", o qual ficou classificado em terceiro lugar, bem como selecionado para publicação na Antologia Nacional  "Amizade em Prosa e Verso" que será publicada em outubro próximo, quando então terei oportunidade de veiculá-la no Alvinews, para conhecimento e crítica dos meus conterrâneos.

 

 

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